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Artigos-->Os que precisam de ajuda -- 20/02/2002 - 17:55 (Anderson O. de Paula) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Jovens, numa conversa de café da tarde, supuseram

reconhecer a fisionomia dos que amam no semblante

de um sujeito, sentado numa mesa à frente, que

minutos antes ficara só, pois a moça que estava ao

seu lado tinha se retirado - o rapaz apresentava o

olhar e os olhos no infinito, como se estivesse em

profundas reflexões, e de fato estava.



Dentre os mesmos - e havia um que pensava

conhecer o rapaz de outro lugar - também saíram

afirmações de que tal afeição não seria nada mais

que uma paixão.



Amor ou paixão: não havia consenso.



A única assertiva era a de que o sujeito, decididamente,

estava com cara de idiota; nadando no vazio das

elucubrações como um peixe na água.



O garçom se aproximou, queria saber se o rapaz

desejava algo - já estava ali há minutos e não tinha

consumido nada - porém, o sujeito permaneceu

calado, com a mesma cara. O garçom entendeu como

um não e, assim, supôs que o cliente pediria algo a

seguir. Foi-se.



Enquanto isso a conversa prosseguia:



"Veja, nem se mexeu!";

"Será que está se sentindo mal?";

"Será que tomou um fora da moça?"



A corrente dos que acreditavam na paixão cresceu

- houve aliás, alguém que chamou aquilo de

"falling in love" - pois os que criam no amor foram

obrigados a ceder, entendendo que a cara de idiota

era apenas de quem se apaixonava, e não dos que

estavam amando.



Diga-se de passagem que estes não tinham

absolutamente nada a fazer, você não acha amiga

leitora, ou leitor? Pois quem tem o que fazer não fica

levantando teses, tão descabidas e sem utilidades,

sobre o amor e a paixão, como se, de fato, fossem

chegar a alguma conclusão!!



Um olhar mais investigativo, porém, descobriria que

algo estava sendo tramado e que não tinha nada a

ver com nenhum dos dois sentimentos em discussão.



Já que falamos no falling in love, que fique claro que

algumas paixões que os adultos costumam

estupidamente escarnecer, denominando-as de

"amores de adolescentes", são, com estúpida

freqüência, as mais violentas, mais agoniadamente

intensas, as mais saudosas do que quaisquer outras

que se possa experimentar ao longo da vida.



A moça estava de volta, trazia um embrulho.

A cara de idiota já não era tão idiota assim,

antes era nervosa e preocupada.



"Veja, a moça voltou!".

"Ele parece estar nervoso agora".

"Parece que sente alguma dor.." - diziam com certa

razão, pois de fato o rapaz sentia a dor de quem

arranca de dentro de si tudo que acredita.



Ele levanta e se direciona ao caixa, passando longe

da mesa dos insensatos observadores que não

tinham visto a sua tremedeira, pois segurava a

arma de brinquedo que a mulher lhe tinha trazido.



O assalto acontece, ele rende, entre outros,

o responsável pelo estabelecimento e o garçom.



Um dos que defendia a tese da paixão avista

um policial do outro lado da rua e gesticula

o assalto.



O rapaz é preso, depois de ter sido surrado,

logo após libertar alguns reféns.



À delegacia, entre outros, foram intimados os

observadores e o garçom como testemunhas.



Quase de partida, depois de tudo concluído, um

dos defensores da paixão lembra de onde conhecia

o sujeito: era de um farol da avenida Brasil.



O rapaz, em algumas ocasiões, disputava espaço

com os vendedores de balas e outras bugigangas,

para pedir dinheiro a fim de comprar remédio ao filho,

que era carregado no colo pela moça, sua "amigada".



Os que discutiam perceberam, depois, que erraram

feio em suas conclusões.



O rapaz e a moça não se amavam, não estavam

apaixonados, pelo menos não naquele contexto,

e não eram idiotas.



Ambos, em sua aflição, pois tinham perdido o

trabalho há pouco, estavam tentando manter o

filho vivo; estavam sendo incompreendidos

assim como todos que precisam de ajuda.



Ora, ora, na prisão, colegas de cela disseram

que o rapaz apresentava o olhar e os olhos

no infinito, como se estivesse em profundas

reflexões, e de fato estava, e mais uma vez

nadava no vazio das elucubrações, como um

peixe na água.



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