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Artigos-->Deixe viver, deixe ficar: o mundo de pernas pro ar -- 27/07/2000 - 01:48 (felipe lenhart) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Por obra e graça da liberdade de comércio, ou liberdade do dinheiro, o mundo anda como anda: trôpego e capenga. "De pernas pro ar", diz, e sabe o que diz, Eduardo Galeano.

Há alguns séculos, por volta de 1600, piratas ingleses saqueavam e roubavam, ilhas e países, em nome da liberdade de comércio. A Rainha Vitória, protagonista da era vitoriana, foi a primeira traficante de drogas do mundo que saiu vitoriosa. Quando a China se negou a receber os navios "drogueiros" britânicos, carregados de ópio, transbordou o copo de paciência da monarca. Então, durante duas décadas, a China foi molestada pelos navios de guerra, que abriam o caminho para os navios mercantes, rendendo assim homenagens à liberdade de comércio. Bem o sabemos os americanos. Quando da "descoberta" desta nossa América, a igreja e os reis católicos, ou seja a Europa, usou de tal liberdade para vender carne humana, no tráfego de escravos. É também em nome deste "direito natural", muito confundido com as leis de Darwin, que Cuba sofre o que condena: desde 1959 bloqueado e excomungado do mundo que o rejeita.

Esta liberdade destrói o que toca e deixa à margem os que a ignoram. As massas excluídas, tecnicamente chamadas de excedentes populacionais, perambulam por aí: salvando a pele e enchendo a barriga como podem. Os que têm comida, têm medo da indigestão; os que não têm, têm medo de morrer de fome. O paradoxo, espelho que a história usa para nos debochar, é a alma do mundo, seu eterno coração.

Das ditaduras, nem se fala. Na América Latina, continente mais desigual do mundo, elas foram o estopim de todas as crises nas quais vivemos hoje. Os EUA são os que mais fabricaram ditadores por encomenda. De 1962 até 1966 foram nove os golpes militares, incluindo no Brasil. Com um detalhe: aqui o golpe não foi um golpe, mas sim uma "Revolução". Só faltou aos livros de História dizer que foi uma "Revolução Popular", quando na verdade foi uma "reação" ao antigo inimigo estadunidense, o comunismo, que tanto se "manifestava" na pessoa de João Goulart.

De tempos em tempos mudam os inimigos, pois, tirando o Conde Drácula, ninguém é imortal. Depois do "perigo vermelho" vieram as guerrilhas, depois os maus governos, depois os alienígenas, os terroristas e até mesmo os religiosos fundamentalistas. Agora, a bola da vez é a droga. Estas malignas substâncias, que outrora eram vendidas pela tal rainha vitoriosa, hoje são o mal da humanidade. E, segundo estastísticas, os próprios EUA consomem e compram metade da droga produzida no mundo. Mas a culpa disso é do Brasil, ou da Venezuela, do Peru e, neste exato momento, da Colômbia.

"A Segurança Pública está em perigo", diz FHC em recente artigo na revista Época. Presidente que governa por MPs é ditador, diz a ética, que não tem época e nem lugar para se manifestar. Depois de visitar os EUA, almoçar com Bill e Hilary em David Camp, nosso presidente, juntamente com a rainha dos pobres D. Ruth, bradou aos quatro cantos que o tráfico deve acabar. Montou no porco do Bill! Mas...

Infectados pelo vírus da desobediência, os "traficantes" não dão muita bola para isso. Eles ainda possuem os bancos, que lavam o dinheiro sujo: os narcodólares ganhos com a narcociência do narcotráfico. Pelo computador, com um simples toque no mouse, viajam milhões e milhões de dólares, que são despejados nas bolsas de valores, que também lavam o dinheiro. Ou então nos bancos suiços, que lavam mil vezes mais branco.

Enfim, um mundo onde o impossível e inaceitável vira o extraordinário. Onde o rico branco se esconde atrás de muralhas, e o pobre negro vai para cadeia com fome. Que exclui e discrimina os índios, os homossexuais, os negros, as mulheres e os amarelos. Onde as drogas são más mas o sistema que as geram não são. Que perpetua o fatalismo, a impotência; que condena a crítica e a filosofia e se alimenta da alienação popular.

Ou seja, um mundo de pernas pro ar.



Felipe Lenhart

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