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Ensaios-->Enunciação: uma senhora presente em todos ... -- 22/07/2003 - 21:24 (Mário Lemanski) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
... os atos de linguagem

Desde os primórdios – de Gênesis às epopéias, passando tanto pelas expressões artísticas, como pelos discursos dos postulantes aos cargos públicos, os homens têm se utilizado de uma mesma estratégia para convencimento da Vox Populi.
A palavra e o signo são tomados ao bel-prazer do entendimento de cada locutor, com a intenção precípua de atingir e de conquistar o ouvinte. É importante saber que qualquer que seja a forma de linguagem, a enunciação está em seu corpus, como uma entidade da semiótica, presente em nosso cotidiano, revelando ou (des)velando intenções.
Em sua obra de ensaios, intitulada As Astúcias da Enunciação, o professor de Lingüística da Universidade de São Paulo (USP), José Luiz Fiorin, revela que somente a partir dos estudos de Benveniste e Jackobson, na década de 1950 é que se passou a admitir a centralidade da enunciação na constituição do discurso. Basicamente três elementos estão na base da formação discursiva: a pessoa, o tempo e o espaço.
Para o professor Fiorin, a expulsão do homem do paraíso provocou sua colocação na história, isto é, no âmbito da linguagem através do discurso. “O mito mostra que, com a maldição da primeira queda; o homem foi submetido às coerções destas três categorias: a actorialização, a espacialização e a temporalização”. Ou seja, o homem foi então enunciado!
O professor Fiorin, também chama atenção para a categoria de “pessoa”, entidade essencial para que a linguagem, que antes era apenas signos e palavras soltas, fosse transformada em discurso. Como a pessoa (sujeito histórico) enuncia em um dado espaço e determinado tempo, também históricos, estes se organizam em torno do sujeito. “Assim, espaço e tempo estão na dependência da pessoa, desde que um “eu” se enuncia a um “tu”.
O primeiro capítulo da Bíblia em Gênesis pode ser tomado como metáfora da enunciação. Porque no processo de enunciação, cada locutor-enunciador, por meio da fala, cria qualquer mundo. Fiorin retoma o mito bíblico da criação do mundo lembrando que ao enunciar e criar disse Deus: “Faça-se a luz! E a luz fêz-se. Como se vê, a enunciação faz os homens imitarem a Deus, na medida em que suas falas podem “criar mundos diversos”.
Se analisarmos as enunciações, digo os discursos dos nossos candidatos – reporto-me aqui às propostas sérias e não aos oportunismos moribundos e assistencialismos perversos – precisamos, estar atentos às devidas competências com que “os sujeitos” estão se enunciando discursiva, textual, intertextual e lingüisticamente, observando a intencionalidade transmitida.
Todas as competências e graus de conhecimento da linguagem utilizados podem ser mais ou menos comuns e eficazes entre enunciador e enunciatário. Tudo deveria depender da eficiência da comunicação, isto é da qualidade de enunciação do locutor com seu interlocutor, mas a miséria cultural, tanto de bens materiais, quanto de bens culturais provoca as mais variadas distorções, a exemplo da própria sociedade brasileira.
Tomemos por exemplo, o sentido da palavra “verdade”. Procedimentos enunciativos podem determinar o grau de “verdade” ou de “mentira” de cada texto, sua inserção na realidade ou na ficção. Por exemplo: “Histórias de Pescador”, na cultura popular, sobretudo a brasileira são mentiras. Porém, se a enunciação estiver marcada pela temporalidade do “Era uma vez...”, as histórias e seus conteúdos estão localizados no mundo ficcional e podem ser aceitos como verdades.
O que se pretende aqui, caro leitor, é chamar a atenção para a necessidade de estarmos atentos às promessas de cada um dos nossos postulantes aos poderes: legislativo (deputados estaduais e federais), executivo: (governador e presidente de República) e senado, no Congresso Nacional Brasileiro.
- Será que a enunciação destes “Salvadores da Pátria” não seria meras histórias de pescadores? Contadas e recontadas ao longo da história deste país? Quais seus interesses reais ao gastarem mais na campanha do que irão lucrar com seus mandatos? Imunidade Parlamentar?... Estariam eles preocupados em estabelecer a interlocução com o povo?
Os homens têm dado às palavras os mais diferentes usos; como fazer sorrir, chorar, mentir . . . O poeta, enunciador pelo seu próprio ofício, talvez as tenha usado para provocar a reflexão, fazendo germinar pelos séculos afora suas queixas; ora de amor, ora de dor, de lamento, ou de denúncia. Dos signos, ele extrai, seleciona, renuncia e acolhe, exprimindo por meio da metalinguagem, como outro qualquer artista, sua mensagem, que atravessando os tempos, torna-se bálsamo para a alma de algum leitor em algum tempo e espaço.
(Escrito em 2002, antes da eleição)
Mário Lemanski
Mestrando em Letras pela Unioeste, é poeta, professor e jornalista
marioamigo@globo.com
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