Era somente uma vez,
havia uma menina
faceira e toda prosa.
Aquela que nem a rosa
desmanchada de malvadez.
Dita chapeuzinho verde
Nonada,avermelhosa.
Nonada não, mas fita sim,
fita verde no cabelo.
Aquela que por enquanto,
ficara meninazinha.
Menina que meninava,
pela via que passava.
Cesta e trouxa na cabeça.
Pra mamãe que maternava,
pra vovó que vovozava.
Com, sem medo do lobo mau.
Fita verde de coragem,
chapéu carmim de valia.
Trouxa grande de avental
vermelha de covardia.
Tem poeira no caminho!
Tem capeta no moinho!
O muito que era verde,
na passagem avermelhou.
E pobre vovozinha
louca na casa suspirou:
- É a fitinha que não vem.
- A que não ouve mais ninguém.
- Namoro verde de neném,
- avermelhosa de vintém.
Demorada a batida,
de levada comovida.
Entra branca, abatida
recomposta num disfarce,
E poeira na soleira.
Outro susto muda a face:
- Que é isso vovozinha?
- Que barriga tão vazia?
- Olhos fundos tão vazados?
- Peito roxo tão varado?
- É porque não estou vendo.
- E não mais estou comendo.
- Na verdade estou morrendo.
- Vovozinha!O lobo mau!
Corre pro fundo do quintal
Redemoinho no varal.
É verde avermelhando.
É vermelho verdeando.
É o lobo no vendaval.
É a vovó no varapau. |