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cronicas-->PORCO -- 27/08/2002 - 11:16 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Outro dia estava ouvindo um sujeito falar sobre mobilidade social. Eu não sabia o que era isso até quando ele me explicou: trata-se de uma mudança do status ocupado pelo ator nos papéis em que vive, nas diversas funções que desempenha na sociedade. Eu não entendi muito bem até quando ele me deu um exemplo dizendo que quando se passa de porco a porqueiro ocorre mudança na situação. Na condição inversa também ocorre o fenómeno. Assim, você pode muito bem passar a ser o porco.
Bem, lembrei-me de mim quando ouvi a preleção. Eu tinha um açougue e trabalhava vendendo suínos. E a minha obesidade também lembrava esse tipo de mamífero, cujo traço notório é o abuso na ingesta da levagem. Outra feição do animal é mover-se muito pouco. O bicho mexe mais o queixo. Sua mobilidade maior se processa no maxilar inferior. É por isso que a natureza acumula tanta banha numa figura só.
Existem porcos, denominados líderes da pocilga. Eles têm grunhidos mais fortes e mais frequentes. Ocupam posição de destaque no chiqueiro e têm preferência nas horas da paparrotada.
Naqueles dias estávamos vivendo a tensão da copa do mundo de 70. A seleção brasileira estava desacreditada, como sempre. E foi numa dessas reuniões, no bar sujo do nosso amigo Truco-boi, que surgiu o sociólogo que nos ilustrava.
Os militares mandavam no Brasil. Prendiam e arrebentavam. Colocavam títeres para governar as grandes cidades e não coibiam surrupios escamoteados.
Pra você ter uma idéia eu estava maior do que o Vicente Feola, o técnico de 58. Apesar da untuosidade eu não vivia dormindo igual a ele. Eu gostava mesmo era de falar e ouvir música. Tinha um rádio no meu estabelecimento onde ouvia aqueles programas comuns no interior. Minhas idéias políticas eram meio confusas. Apesar de ser católico e ter consciência de que os comunistas, em 1917, quando tomaram o poder na Russia, fecharam todas as igrejas, não via conflito nenhum entre as filosofias. Eu não poderia sequer imaginar que o casamento entre o Marxismo, que considerava a religião ópio do povo, e parte do clero católico resultaria numa tal de teologia libertadora que quase desmilinguiria a obra de séculos.
Na minha confusão ideológica nunca poderia supor que os sucessores do comunismo manteriam, por intermédio dos adéptos de Allan Kardec, centenas de hospitais psiquiátricos onde, a exemplo do ocorrido na URSS, e sem perder a ternura jamais, destruiriam seus adversários políticos.
Os grandes coronéis, aqueles sucessores nobres dos legítimos senhores do engenho ainda mantinham a pose e com rabos de tatu nas mãos assolavam a população marginalizada. Eram todos casca do mesmo pão, farinha do mesmo saco, goiaba dos mesmos pés e polenta da mesma panela. Estava longe de ser aquele pavão exuberante, por isso eu os odiava quando me comparavam ao Bolinha, o misógino presidente do clube, onde Luluzinha e as meninas não poderiam entrar.
É por isso que hoje, quando vejo usineiros, latifundiários e proprietários urbanos advogando idéias comunistas, tenho logo a certeza de que os sujeitos ou não passam de mal informados ou incoerentes ilógicos.
Bem, até quando houve a passagem, o Brasil era bicampeão mundial de futebol. Seria tri depois do final do jogo, aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo, quando venceria a Itália.
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