Negro, força.
Negro, raça.
Negro, esperança, luta pela liberdade.
Negro do campo, dos nossos rendosos cafezais.
Negro dos algodões, dos tabacos, negro dos canaviais.
Negros açoitados, castigados.
Negras mulheres gestantes chutadas nos ventres.
Negros com olhos vazados, dentes quebrados, negros mutilados.
Negros descriminados...
Negro, saudades.
Negro, dança.
Negro, dor...
Quinhentos anos são passados,
Quinhentos anos arrasta-se a vergonha
pelas atrocidades cometidas.
Quinhentos anos, e, ainda hoje, mesmo sendo crime,
vê-se a discriminação no tratar.
Para poucos abrem-se as portas.
Poucos são os privilegiados pela sorte.
Poucos conseguem desenvolver o seu potencial.
Poucos, bem poucos mostram a bandeira escrita liberdade.
Estes, conseguiram mostrar os frutos das sementes plantadas pelos ancestrais.
O negro, quinhentos anos depois, continua sua luta.
O negro, quinhentos anos depois, tem que mostrar mais de si para conseguir
o mesmo que o branco.
O negro, quinhentos anos depois, com a sua força, com a sua coragem,
consegue mostrar nas letras melodiosas a dor transformada em amor.
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