‘Tomei todas as atitudes que deveria tomar em todas as idades’, declaração de Barbosa Lima Sobrinho ao fazer 100 anos (conforme Wilson Tosta e Roberta Jansen, em "Trajetória pessoal confunde-se com vida do País no século 20", copyright O Estado de S. Paulo, 17/7/2000, publicado no Observatório da Imprensa, ASPAS, em 19/07/2000).
Esta é uma declaração que impressiona. Agir pelo dever, a assim chamada reta ação, meta a alcançar pelo homem que deseja ser feliz, é hoje uma raridade. Poucos são aqueles que aceitam pagar o preço de agir pelo dever. Acredito seja este comportamento de Barbosa Lima Sobrinho o que mais tenha impressionado os brasileiros destes tempos.
Talvez por isso, tantas loas a este homem, tantas homenagens. Contudo, podemos perceber em muitas delas a nostalgia do fim. O desânimo da perda daquele que nos parecia o exemplo da integridade. Sua morte parece dizer que acabou, não temos mais onde nos mirar e enxergar a dignidade humana. Essa dor foi o que mais me impressionou ao ler o que se escreveu sobre este homem após a sua morte.
Não, ele não morreu, o espelho não desapareceu. A Justiça, o Bem, o Amor são eternos, como eterna será a possibilidade de cada ser humano usar a vida para refleti-los. Barbosa Lima Sobrinho fez isso e disso tinha consciência. Agia pelo dever, mesmo que isso parecesse estranho aos demais e lhe causasse transtornos.
Não posso pensar em homenagem maior à sua memória do que nos dedicarmos em nossas ações a imitar-lhe o exemplo de agir pelo dever. Sem tergiversar. Ele é um exemplo de ação e não de contemplação mística. Sua vida de ação inspira ação. Ação pessoal, ação pelo que se deve fazer.
Só nos resta agradecer o privilégio de ele haver estado conosco e executar a reta ação como o vimos fazer.
(Publicado no Observatório da Imprensa, número 95, em 5/8/2000; endereço: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/iq05082000.htm questao09)