ACRÓSTICO DA DOR
Bem agiu aquele que aprendeu,
Em veredas tortuosas da vida,
Não lamentar o bem que feneceu,
E ainda sorrir na dor mais pungida.;
Difícil, é certo, curar-se a ferida,
Impossível é reaver o que perdeu,
Toda Chaga, se a cura é garantida,
O remédio é o sangue que verteu.
Gente malévola nos leva ao erro
E depois ri de nosso dissabor.;
No altar ergue-se de ouro o bezerro,
Esse ídolo exterminador.;
Risos e prantos, preces e clamor,
Ou o surdo silêncio no desterro,
Só para se ter um breve fulgor
O que de nós findou-se no enterro.
Da madeira que a sina preparar,
Arqueado tem-se que a cruz carregar....
Cada qual tem de seu fardo levar,
Outro por você não vai transportar.;
Só para antes não desfalecer,
Tem-se que ao calvário, sim, chegar,
Ao menos para como herói morrer.
BENEDITO GENEROSO DA COSTA
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