Vou cantar num grito seco,
Vou tapar os meus ouvidos,
E sentir a solidão
De um detento já fugido.
Vou cantar num som agreste
A tristeza da caatinga,
Vou virar algoz, a fome...
De apelido macambira.
Vou olhar tua chapada,
E queimar o teu serrado.
Sou a seca que te mata,
Urubu do teu telhado.
Mata-me! É o que espero.
Não pedi compreensão.
Sou culpado, o inferno
Que abalou o teu sertão.
Mata-me! Não é tarde.
Já achei a solução.
Sua terra é muito boa,
Só falta irrigação.
Abre as porteiras pro teu gado,
Dá à cabra alimentação,
Toca a roça, colhe o milho,
Prova do teu próprio pirão.
Faço uma prece quase católica,
Faço romaria e procissão.
Vou caminhar pro agreste, litoral,
E sair do teu sertão.
Alisson Castro.
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