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cronicas-->A bola da vez -- 28/08/2002 - 14:51 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Hamilton Lima

O vereador chegou satisfeito em casa. Descobriu um furo na administração do prefeito. Uma nota fiscal fraudulenta. Suficiente para acabar com a vida do desafeto. O valor não era muito grande, algo em torno de 200 reais. Mas o suficiente para provar que havia malversação de fundos.
Tantos anos com vontade de derrubar o homem, antigo desafeto, que lhe roubara a namorada, que conquistara o lugar de artilheiro do time no segundo grau, que lhe causou dor de cabeça no quartel, ocupando o posto de cabo, que sabia ler e escrever, fazer contas, tinha todos os dentes naturais, maldito.
Tranquedo quase delirou ao pegar a nota fiscal, que na verdade era apenas um recibo muito mal feito, e logo buscaria apoio de outros para acabar com o prefeito. Ficou em dúvida se procurava o delegado ou o ministério público. Optou pelo primeiro, que também não gostava muito do prefeito. E chamou a imprensa.
A rádio do lugarejo ficou entusiasmada com a bomba política, num lugar onde o acontecimento mais importante era o final de todas as tardes, quando a sogra de Tranquedo terminava uma fornada de pães, o que causava alvoroço, pois haviam dezenas de fregueses, que disputavam as iguarias a tapa, tão gostosos que eram. Pães doces, tortas alemãs, doces gregos. A sogra de Tranquedo era cozinheira de mão cheia.
Tranquedo foi para a rádio, ligou para os jornais da Capital, querendo cobertura especial para o escàndalo, com direito a fotos e filmagens, destaque no horário nobre da televisão.
Prá dizer a verdade, só o pessoal da rádio aceitou receber o homem, que de tão extasiado chegou a perder o sentido das palavras. Chacoalhava o papel de qualquer jeito, sem deixar que os repórteres e apresentadores pudessem ler direito a prova do crime.
O prefeito, logo que soube da farra, correu para a rádio para apresentar sua versão.
Tranquedo tomou posse de um alto-falante e fez discurso, clamando para si a chama da moralidade, o último bastião da dignidade do país.
O barulho atraiu sua esposa e sogra também. No meio da confusão alguém reconheceu o recibo passado pela confeiteira, pela cor do papel, meio engordurado.
Era uma encomenda especial, para comemorar o aniversário do vereador. Pago com dinheiro do prefeito, não da prefeitura. O homem, na ànsia de provar o erro do prefeito acabou apanhando da mulher e da sogra; foi vaiado pela população, correndo prá longe, mastigando de raiva a prova do fracasso.
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