ROSAS SECAS
Elane Tomich
Estou me recuperando.
Minuciosamente suprimo
Marcas roxas da incisão
Profunda que você me fez
Entre o seio esquerdo e o pulmão.
Sangra, qual fruta madura
Em peso de suco, cai.
Não cai a fruta de vez,
Tão pouco o suco sai.
O que não revelo, assino
Aquilo que assino, escrevo...
Minto e em muito relevo
Muito do que à vida devo...
Que, pela vida, assassino
Da morte o que em vida satura.
Às vezes me pego rezando,
Noutras, estou procurando
Sinônimos em dicionário,
Do que restou da auto-estima.
Rosas secas eu sublimo,
Entre folhas de um diário. |