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Cronicas-->TRUCO -- 29/08/2002 - 12:12 (Marcos Gimenes Salun) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRUCO

Não sei por que, mas lembrei-me agora daquele tal jogo de truco, que nunca entendi na minha vida inteirinha. SEIS! SEIS!, reboque de igreja velha! Conhece as regras? Pois eu não! Estou até hoje vendo amigos em volta duma mesa, como tomados pelo tinhoso, gritando, dando porrada na mesa, olhos alucinados, colando carta na testa, fazendo o maior furdúncio... Mas até hoje não sei porque alguns desistem, sabendo que perderam, e outros passam a língua nos dedos antes de embaralhar as cartas e distribuir o jogo novamente, com aquele sorriso largo dos que
venceram. Ninguém mostra porcaria nenhuma do jogo que tinha na mão. Todo mundo blefa? Quem blefa primeiro é quem leva? E o tal de ZAP, onde entra na história? É difícil, moço, é difícil.
E lembrando do truco lembrei também dum amigo de adolescência, dos tempos do grupo de jovens na igreja, meio "acaipirado", segundo os padrões da turma, na época O pai dele tinha um sítio, sul de Minas, perdidão de tudo naquele mundaréu de montanha e vale, que era só o que havia na terra que eles tinham na ocasião, e que deve ser até hoje. Pois foi pra lá que o Joaquim, que hoje é médico e nem sei por onde anda, me levou um dia, eu mais um outro companheirão de toada na época, o Romualdo, que hoje é corretor de imóveis.
Eu era meio molecote, juntei duas camisetas, calça jeans já no corpo, duas trocas de cueca e duas de meia e tocamos para a rodoviária, que na época ainda funcionava ali perto da Júlio Prestes, nem sei. Sei que chegamos e fomos. Cacete! Eu penso hoje como é que uma viagem de São Paulo ao sul de Minas Gerais poderia ter tantos encantos como os que apreciei nessa viagem.
E olha que eu nem bebia, nem cheirava, nem nada! Te juro! Era limpinho, limpinho. Era tudo na pura emoção do momento mesmo, sabe como é?
Pois é! Fomos dar numa tal de São Bento do Sapucaí, eram quase quatro da tarde e nas ruas não havia ninguém. Te juro! Ninguém mesmo, além do funcionário da rodoviária, salve ele, Jesus Cristinho! Pois foi assim que chegamos a São Bento do Sapucaí, primeira parada, pelo que dizia Joaquim. E agora? Joaquim, despachadão como era, dono do lugar, nem se abalou. "Vamos com o das quatro e meia", disse no seu jeitão sossegado de mineiro daquele pedaço. Eu e Romualdo, dois debutantes, ficamos ali, na expectativa. Quem sabe o das quatro e meia fosse um bom ónibus que nos levaria ao combinado passeio de fim-de-semana?
Mas é... Deu quatro e meia, cinco, seis, já escurecendo, e nada! "Oh, Joaquim? Que cacete é esse de ónibus das quatro e meia que nunca chega? O futuro Dr. Joaquim se empertigou na cadeira que ocupava no bar, onde tomávamos alguma cerveja, sem gelo. "Oi qui! Ceis num me enche o meu saco não! O das quatro e meia num é ónibus nenhum não senhor, quem falou? O das quatro e meia é o horário do leiteiro. Se ele vié hoje, às quatro e meia da tarde, muito que bem! Se num vié hoje, eu quero é que vocês tudo vão tudo pra puta que o pariu!".
O "das quatro e meia" passou eram quase oito da noite. Já éramos pra lá de embebidos na cerveja quase quente. Na mesa ao lado os do local gritavam: SEIS! SEIS, Reboque de igreja velha!


Marcos Gimenes Salun
28.08.2002
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