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Ensaios-->MEU AMIGO -- 06/11/2003 - 18:57 (ADELMARIO SAMPAIO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MEU AMIGO

Ainda que os que hoje me saúdam sejam milhares de milhares, um só é meu amigo e conselheiro...

Porque o meu conselheiro é um amigo adquirido na provação... Foi ele quem esteve calado comigo na fornalha quando eu ainda não podia pronunciar uma palavra... E foi ele mesmo que suportou o vento gelado no rosto, quando agüentou comigo o dia da tempestade...

O meu amigo bebeu comigo da amarga taça da solidão, e não disse nada quando volteou minha alma com o carinho do seu braço, e chorou uma lágrima para cada uma das dores que chorei...

E quando ainda ninguém encantava com a rouquidão da minha voz, foi ele quem de perto ouviu o meu gemido sem reclamar. E quando ainda ninguém queria saber do gosto do meu beijo, foi ele quem de perto sentiu o meu hálito sem desviar a cabeça...

Hoje é fácil ouvir repetidas vezes que me amam... Mas foi ele quem me amou sem o dizer...
E enquanto me levavam ao linchamento da opinião da multidão, foi ele quem me sorriu e chorou mais uma lágrima por mim. Porque o meu amigo não acredita no som emitido pelas bocas dos rancorosos da turba caluniadora, e nem dá ouvidos aos testemunhos das bocas espumantes.

Entre os que hoje me aplaudem estão muitos dos que um dia ouviram as vozes incontidas dos que se opõem a tudo de puro que há nos corações... Entre os que as suas palmas se avermelham estão muitos que não sabiam quem eu era, antes de brilhar o meu rosto. Mas o meu amigo não fala deles nem de bem nem de mal, porque os seus nomes ficam guardados em um lugar que deliberadamente ele chama de esquecimento...
Mas foi ele que mesmo antes que o meu rosto se iluminasse, disse às trevas do meu coração:
“Haja luz.”

E houve luz...

Hoje ainda meu amigo me abraçou e disse:
“Ó amigo amado, ficaste muito tempo escondido aqui nesse quarto... Saia um pouco, porque não te agredirão mais... O teu rosto hoje brilha, e não mais gritarão teu nome como um xingamento, nem o usarão como o mote das piadas... Saia um pouco amigo, e ande pelas ruas e pelas praças... Quem sabe encontre alguém que perceba a beleza da tua alma... Quem sabe até encontre alguém que tenha fome e sede daquilo que há em abundância em tua alma... Quem sabe amigo, encontres até mesmo quem saiba quem sou eu teu amigo...”
Então eu disse:
“Não amigo. Não irei a lugar nenhum, até que passe esta tua dor de ser quem és... Ficarei aqui até que tudo que há em teu coração não seja mais motivo de zombaria entre os que se julgam espertos e ostentem as suas sabedorias baseadas nos resultados dos aplausos das multidões... Ficarei mais um instante ao teu lado, até que o nosso dia seja considerado eterno...”

Aí nos abraçamos e choramos mais uma lágrima. Mas desta vez não mais pelos mesmos motivos... Não pelos motivos aparentes...

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Adelmario Sampaio
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