Ponto distante, amarga o vazio
Sofre o restante, um instante
- Ó rubro-frio
Calor insignificante
Incolor imenso onde corre o rio.
Falsa liberdade
Padece na abstração da realidade
Qual noção, Qual estação
Qual terra abre-se em vão?
Canto gritante, silencia sem dó
Dúvida pífia, tão amplo algoz
- Ó mártir do nada
Cala-se à cega espada
Aguarda o provérbio em ébria balada.
Estúpido final
Nobre poder inútil do tempo
Qual fútil saber, Qual digno mal
Qual palavra não lhe é ideal?
22/2/02
*Comentários: Após um longo tempo sem escrever, encontrei-me com este que considero a mais forte expressão poética do meu próprio inconsciente psicológico. Tenho total consciência do que penso e escrevo, e controle sobre isso, mas neste poema minha intenção era de buscar algo que sequer sabia o que era. Resultou-me esta obra, a qual considero a melhor - não talvez para o caro leitor, pois outras que vieram depois possuíam maior destreza e musicalidade fantástica, além de maiores influências externas, porém no sentido psicológico, indubitavelmente este está nos páramos da poesia.
*Influências de Casemiro de Abreu e Manoel de Barros. Pouco expressivas, mas existentes. |