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Cronicas-->A MULHER DO BIRINHA -- 31/08/2002 - 18:55 (José Renato Cação Cambraia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Birinha se julgava um cara de sorte. Estava sempre contando vantagem para seus amigos sobre a Talita, sua namorada. Afinal, a Talita era uma garota diferente. Gostava de futebol, vólei, fórmula1 e tênis. Além de esportes, ela também adorava jogar um baralho (no truco, então, era uma rata!). Detestava novelas e, nos finais de semana, não deixava de tomar a sua cervejinha. Era inteligente, engraçada e, como se não bastasse, muito bonita.Todos os amigos do Birinha tinham inveja dele.

- Pó, Bira, a Talita é que é legal...
- Pois é, ela é demais... ontem nós ficamos até às três da manha brincando de autorama!
- Uau! Você é um cara de sorte, Bira...
- E não é só isso, nós fomos no shopping ontem e ela comprou um sapato novo em menos de sete minutos - eu cronometrei!
- Putz...! - suspiravam eles, mortos de inveja. A Talita era mesmo a mulher ideal.

Depois de cinco anos de namoro, a coisa começou a ficar mais séria para eles. Começaram a trabalhar, ganhar dinheiro e, consequentemente, a pensar em casamento. Ela continuava do mesmo jeito, e o Birinha não via nada além da felicidade de ter uma mulher como a Talita.
Casaram-se um mês depois do Penta. Aliás, o pedido foi feito pela Talita, na caçamba de uma caminhonete, os dois ligeiramente bêbados, ela vestida com uma camisa do Brasil (do Vampeta - ela era corinthiana) e ele com uma camisa (autografada) do Marcos, goleiro da seleção (ele era palmeirense), conseguida pela Talita, que tinha uma prima em Oriente que era vizinha da família do goleiro.

O tempo foi passando e com isso o jovem casal teve suas necessidades aumentadas. Como a Talita ganhava mais que o Bira, que trabalhava em casa, no computador, era ela quem pagava a maior parte das contas. E como seu desgaste era maior, Talita relaxava ao chegar em casa bebendo uma cervejinha antes de tomar um banho.

Nessa época o Birinha não percebeu nada demais. Mas depois, quando viu que a Talita estava com umas manias novas, já era tarde. Largava o sapato na sala, não levava o prato sujo pra pia, deixava a toalha molhada sobre a cama. Ela nunca havia sido muito organizada, mas sempre gostou de limpeza. Agora, porém, estava ficando desleixada, bagunceira, meio porca mesmo. Em casa só usava camisetas muito velhas e não se penteava. Um dia, discutiram no almoço porque ela respondeu a uma pergunta dele arrotando (na verdade, ela ficou contente porque conseguiu falar a frase "hoje à noite eu não posso, vamos amanhã" inteirinha!).

Numa quarta-feira à noite, os dois sentados na sala, se preparando pra ver o jogo do brasileirão, ela vira para o Birinha e diz:
- Pega lá outra cerveja e um amendoizinho pra mim, vai.

O Bira não gostou do tom com que ela pediu o favor - meio de desprezo e impaciência. Nunca tinham brigado sério, mas nesse dia ele se sentiu humilhado e acabou dizendo dramaticamente coisas que estavam presas da goela dele há algum tempo, como "só porque você ganha mais pensa que pode me tratar assim?", "eu só quero que você me respeite", culminando num "você ta virando uma porca!".

A Talita, que já estava irritada naquele dia por causa de umas coisas que deram errado no trabalho, somadas com as cervejinhas, não disse nada nem antes nem depois de dar três fortes bofetadas na cara do Birinha, enquanto o segurava pela gola da camiseta.

O Birinha nunca mais reclamou. Hoje ele cuida da casa, lava, passa e cozinha. Busca os filhos na escola, faz o café da manhã e as compras no supermercado. E as amigas da Talita sempre comentam:
- O Birinha, sim, é que é marido!



Renato Cação Cambraia nunca teve um autorama.
BECO nº15 - Jornal A SEMANA, 31/08/2002
email: beco@netonne.com.br
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