Diário de um pseudônimo (004) (2004/04/12)
Penfield Espinosa
12/04/2004
Tenho um dente falso. Portanto, jamais poderei dizer que sou totalmente verdadeiro...
Hoje acordei pensando nesse dente e a primeira coisa que fiz, ao olhar no espelho, foi examinar esse dente.
Fica nos fundos da boca e normalmente é oculto no sorriso. Mesmo assim, arreganhei a boca, num esgar, para examiná-lo.
Os materiais de odontologia evoluíram bastante e, honestamente, não saberia distingüir o dente falso dos verdadeiros apenas pela aparência.
Sou bastante cuidadoso com a saúde da boca e normalmente escovo os dentes 4 vezes por dia. Mas durante uma temporada de muito, muito trabalho, deixei de cuidar dos dentes. Um dia, um pedaço de amendoim mordido torto fez quebrar um pedaço de um deles.
A quebra rapidamente evoluiu para uma cárie, que fez doer o dente. Um dentista da meia noite achou por bem extrair o nervo desse dente. Depois disso, o dente, que não doeu mais, evoluiu muito rapidamente na sua decadência, promovida por meu descuido.
Ao ponto de um dia quebrar totalmente.
Eis aqui, assim, a história de minha decadência precoce: antes dos 30 -- na verdade antes dos 28 anos -- tive um dente quebrado.
Logo eu, que cuidava tanto dos dentes!
Depois que essa fase de muito trabalho, autônomo e insano, usei parte da remuneração para repor o dente faltante.
E nunca mais deixei de cuidar dos dentes. Sem discriminar o falso dos 31 verdadeiros.
S. Paulo, 12 de abril de 2004
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