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Cronicas-->Estranhamente Sublime... QUEM SOU EU ?! -- 01/09/2002 - 11:15 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Descrevo-Te, sucinto, o que vejo, ouço e sinto em meu redor, mais ou menos cem mestres, e mestras, batendo-se para me ensinarem aquilo que estou farto e cansado de saber, bem defronte uns dos outros, como se lá no meio, invisível, houvesse um lídimo juiz para premiar chorudamente o mais capaz, aquele que em dimensão real, se solicitado, logo decepcionantemente demonstrasse retrógadas léguas de incapacidade objectiva. Nenhum deles, e nenhuma delas, se admitem fúteis formigas em movimento telecomandado.

Fito-os, e fito-as, quanto posso e bem à flor dos olhos, pervagando-os como se em pluma lhes deslisasse pelo raciocínio. Nem um só, ou uma, se situa aquém ou além dos roedores comuns, brancos, pretos, castanhos, cinzentos, malhados e alguns porcos, tão porcos, que nem a cor lhes diviso. Até um imbecil beberrão, que acotovela nervoso as duas ratazanas laterais, se expande em fraseado sobre o promissor futuro que o aguarda quando deitar mão à reforma e enfim - quase grita - puder descansar...

Recolho-me ao cérebro. Vejo, ouço, sinto tudo... E não vejo, não ouço, nem sinto nada. Sei que é Domingo e estou em 1 de Setembro, a dez dias do outro irmão gémeo, onde pressinto um enorme esgoto a vomitar enxurro palavrótico, ora de indignação anódina, ora amontanhando a febril mesma coisa que perpassa nos censores miolares dos ratos humanos... As excepções vão morrendo todos os dias.

De repente, vinda do sol ou da sombra fresca que tomba da placa que cobre a entrada do café, apareces Tu, a fulminares-me de emoção, de surdez, de mudez, de cegueira total em face de todas as outras coisas. Também num ápice, evolas-Te e deixas-me de olhos colados à vidraça, por onde através vislumbro no ajardinado frontal uma dúzia de pardais... Saltitando... Pipilando... Debicando...

Vejo-lhes o sábio pendor
Que devotam ao redor
Das crias nadas no ninho
E logo sinto invadir-me
O desejo de medir-me
Com um ágil passarinho.

Meço a minha humanidade
Defronte à simplicidade
Dos gestos da natureza
E nem um palmo me sobra
Para acrescentar à obra
De tão exímia grandeza.

A cereja debicada
Que balança pendurada
De caroço à espreita
Mostra-me que em tal labor
Nada mais há de melhor
Nem justiça tão perfeita.

Resta-me pois meditar
E por mim imaginar
Aonde termina o céu...
Quiçá por este sentido
Num palmo nunca medido
Descubra enfim quem sou eu!

Sem mais... Estranhamente sublime...
Apetecia-me aveludar-me em Teus lábios.

Torre da Guia
DR-SPA-1.4153
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