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Poesias-->Insônia -- 01/02/2003 - 22:05 (Marcos Woyames de Albuquerque) |
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Insônia
É noite,
Tal qual açoite o tempo dilacera meu sono
Impedindo que dormir seja natural
É noite,
O chicote dos ponteiros do relógio maltratam e me descarnam a alma.
Impedem que o meu sonhar seja normal.
Cada segundo que se esvai só me traz dor e lamento.
Cada instante que passa me castiga e me dá tormento.
Meus pensamentos já não se afastam da dor profunda que me fere.
Os minutos passam e lágrimas brotam de minha face.
Uma a uma... as gotas insistem em tornar maiores os açoites do tempo.
Quero não chorar. O soluçar alto fará com que ela acorde.
O soluçar abafado me sufoca, me dói mais, me corroi e mais.
Quero falar, mas de nada vai adiantar,
Minhas palavras não serão ouvidas pela cura da dor.
O grito mudo de meu coração não será ouvido.
Apenas meu coração o ouve e só a ele é dado este direito.
Cabe ao meu coração sofrer surdo e gritar calado.
Que direito tenho eu de não gritar e de não me fazer ouvir?
Por que me roubei este direito?
Por que devo sofrer calado e apenas meu coração gritar?
Quem pode me ouvir se só eu tenho o meu coração?
É noite,
Açoitado meu coração chora.
Abafado meu coração grita.
O tempo, o relógio, o açoite não diminuem a minha dor.
É noite,
O silêncio da solidão corta meu espírito como fio de navalha.
Já não tenho forças nem coragem de gritar.
Choro em silêncio.
Meu peito, minha carne, meu espírito estão dilacerados.
Choro em silêncio.
Já não há mais vontade dentro de mim.
Não suporto mais chorar.
Não suporto mais o silêncio.
Só me resta esperar o amanhecer e o amanhã.
Talvez o amanhã console a minha dor.
Lá fora, a luz negra da noite se perde como se perdeu o meu sono.
Mais um dia, mais uma luz.
Mais uma noite insone se foi.
Mais uma vez foi noite.
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