Morte Amorosa
Já nem a rima serve
Pra falar do meu tormento,
Foi-se embora minha verve,
Afogada em sofrimento.
Do adeus nem vi o gesto,
Simplesmente se afastou.
Sou agora trapo e resto,
Semente que não vingou.
Não amanhece mais o dia,
É sempre noite. No quintal
Sopra forte a ventania,
A roupa imóvel no varal.
Não marola mais o mar,
Tampouco corre o rio.
Se a primavera chegar
Não trará um novo cio.
Nem o fruto amadurece
Nem a flor é olorosa,
Meu coração não esquece:
Pulsa em morte amorosa.
José Osvaldo Faulhaber de Moraes (Waspzzz)
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