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Ensaios-->Gângsteres -- 26/09/2004 - 14:44 (Paulo Eduardo Gonçalves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Noite dessas assisti de volta 'Os Bons Companheiros', dessa vez dublado. Filme dublado, como tudo na vida, tem vantagens e desvantagens, embora esteja se tornando comum ouvir as pessoas dizerem que só conseguem sentir prazer com filme legendado.

Talvez seja uma forma de auto-afirmação, um modo velado de assegurar que o interlocutor saiba que está falando com alguém que consegue ler as letrinhas que passam 'correndo tudo' na tela. Mas isso nem tem muita relação com meu objetivo principal ao escrever esse texto.

Eu queria falar um pouco sobre gângsteres; nada muito profundo ou importante, nenhuma análise histórica, artística, ou coisa que o valha; só um apanhado aleatório de obras literárias e cinematográficas que guardei na memória. Pra começar o supracitado Goodfellas.

Foi por intermédio do Germano que assisti pela primeira vez esse filme, que trata da vida de Henry Hill. Esse cara é um dos maiores cagüetas dos Estados Zunidos. Dedou uns mafiosos, a exemplo de um outro lá nos anos cinqüenta. Diferentemente deste, sobreviveu para contar a história, com o livro Wiseguy, que virou filme do Scorsese com participação de Robert De Niro - o que segundo alguns babões basta para o filme ser clássico. Dizem por aí, em documentários, que o programa de proteção à testemunha norte americano foi criado por causa desse Henry Hill, mas no submundo do undergrudi diz-se muita coisa à toa.

Só para constar, em algumas seqüências do filme utiliza-se de extrema violência para fazer humor, o que poderia indicar uma relação entre o modo Scorseseano e o modo Tarantiniano de fazer filmes. Mas eu não entendo nada disso, então deixa pra lá.

O Germano também me emprestou uma fita com o Al Pacino no papel de um imigrante cubano chamado Tony Montana, o Scarface do título. Dizem que é uma alugação em três tempos do Brian De Palma, refilmagem de um Scarface mais antigo. Pra quem não sabe, Scarface é o apelido de Al Capone, por causa de uma cicatriz na cara, que ele ganhou numa briga antes de se tornar uma pessoa importante na hierarquia mafiosa.

Duas coisas que me chamaram a atenção no filme foram aquele canudinho - um 'bidente'? - que o Tony Montana utiliza para facilitar o consumo das lagartas, e a seqüência em que ele mete a cara na nóia e sai gritando 'Jo soy Tony Montana'. Essa cena foi posteriormente 'homenageada' no filme O Predador II, e quem viu sabe do que eu estou falando. Próximooooooo.

Uma noite, nos idos de 96, chego em casa totalmente emaconhado, durmo no sofá, e quando acordo está passando Billy Bathgate. Tive que assistir, porque o filme é bom, que se fodam as aulas do cursinho amanhã de manhã. Um ano depois encontro o livro Billy Bathgate, de E.L. Doctorow na biblioteca pública. Que se foda a prova de T.G.E. hoje à noite.

Sério mesmo, escutem o tio. Não dêem bola para as sinopses idiotas que encontrarem pela frente que elas não passam um mínimo da baguazeza dessa história. Tenham em mente que ela é baseada na vida de um gangster real que teve uma morte incomum, que em vida recebeu o apelido de um dos lutadores de rua mais violentos que já existiu, e que isso quer dizer muito mais do que Dustin Hoffman, Bruce Willis, ou Nicole Kidimais em papéis principais.

Aliás, o filme fica devendo muito ao livro. Comecemos do início. Dutch Schultz era o apelido de um lutador de rua da grande big aplle de maçã nova new yiorkque, lá por aqueles tempos retratados no Gangues de Nova Iorque. Era muito violento e reza a lenda que nunca perdeu uma briga. Não sei mais nada sobre esse cara, exceto que várias décadas depois seu apelido foi herdado por um gangster judeu nova-iorquino chamado Arthur Flegenheimer, que ainda novo fez fama nas gangues juvenis de onde o crime organizado recrutava soldados para suas fileiras, por ser excepcionalmente violento e não perder nenhuma luta.

Seus métodos acabaram lhe garantindo um lugar privilegiado no topo da hierarquia criminosa de Nova Iorque, onde passou a controlar a loteria do Harlem – roubada das gangues de negros da região que originalmente a controlavam – e nos anos trinta ele e seus companheiros eram considerados celebridades, cuja simples presença era garantia de público e lucro para as casas noturnas da cidade. Sua morte foi peculiar porque gângsteres desse naipe são geralmente eliminados de forma fulminante, e não deixam depoimentos de natureza alguma sobre suas atividades.

Flegenheimer, porém, mesmo crivado de balas, resistiu durante dois ou três dias no hospital, onde policiais e jornalistas anotavam cada palavra ou resmungo que proferia em seus delírios agonizantes. O paradeiro de sua fortuna, avaliada em dezenas de milhões de dólares pelo câmbio de nossos dias, é até hoje desconhecido, e especula-se que tenha sido apropriada por Lucky Luciano, suposto mandante de seu assassinato. Mas há quem duvide, e prefira acreditar que ela está, ou estava, escondida em alguma das antigas propriedades de Flegenheimer, diversos barracões e depósitos utilizados para estocar a bebida que ele distribuía durante a lei seca.

Existem vários outros livros e filmes sobre Dutch Schultz, além de endereços na internet onde suas palavras podem ser conferidas. Billy Bathgate é o meu preferido, tanto literária quanto cinemisticamente, pois diz coisas que não fala e isso é muuuuuuuuuuiiiito importante. Cotton Club também é interessante, mas eu vi só um pedaço, que passou coincidentemente esses dias enquanto eu escrevia a primeira parte desse texto. Para quem é mais certinho, ou ingênuo, e precisa de um mundo bem estruturado, com heróis e vilões definidos, tem um filme em preto e branco, chamado Retrato de um criminoso, em que tudo pode ser facilmente entendido e digerido e a culpa não é minha.

Azar e bons sonhos.
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