CAMINHOS PERDIDOS...
Ana Zélia
Meu Deus! Outra encruzilhada.
Quem está mais perdido eu ou os filhos que coloquei no mundo.
Comi o pão que o diabo pisou...
Enfrentei outros brabos, homens camuflados de anjos, até Satanás...
Todos os dias, caia. Nas quedas aprendi a curar as feridas com saliva e
Levantar, seguir em frente em busca do horizonte que se mostra
tão próximo à distância.
Venci o mundo, o diabo, as feras e tombo diante de filhos, netos...
Em cada palavra ouvida percebo o ódio por causas perdidas.
Fui e continuo sendo péssima em tudo.
Rebelde, não aceito algemas, as rebento.
A sós no mundo.
Deixei “marido”, venci sozinha.
Por filhos pedi um prato de comida, migalhas de pão.
Por filhos fui aos píncaros, vi “Bela Adormecida”.
Fugi como Onça amedrontada.
Tantos índios, tantas flechas, bebidas, rotas perdidas...
Pago o mais alto preço exigido a um ser.
Ameaças de partidas em busca de elos perdidos.
Traições alimentadas a cada dia me fazem perder a confiança...
Fazer o quê?
Parece que até Deus que tudo vê, sabe, virou às costas pra mim.
Nem sei mais se Deus tem costas, os espíritos são invisíveis.
A sós, ruas sem movimentos, numa segunda-feira, longe de casa,
sigo Londrina-PR; busco me recompor, saber o que tenho, quem sabe
a cura desta ferida que não cicatriza num peito que sangra.
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Nota da autora- Preciso acreditar e entender que estamos
na terra cumprindo missão, pagando erros de vidas presentes e passadas.
Fugir das pressões familiares quase insuportáveis. Coisas da vida. Londrina-PR
06/02/2012. Ana Zélia
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