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Ensaios-->RESPOSTA À ALTURA -- 20/10/2004 - 09:20 (ADELMARIO SAMPAIO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Olá amiga,

Acredito em tudo que você diz... Vi a verdade nos olhos da tua alma...

Eu também como você, não queria viver o que vivo, mas não abro mão de ser quem sou... Vivo porque sou... Gosto mesmo disso (de ser e não de viver), embora seja um mistério pra mim mesmo. O meu desafio é desvendá-lo... Gostaria que o fizesse logo, pra que pudesse dizer a quem eu amo a axatidão de ser quem eu sou...

Não acredito no que dizem de mim...
Ofendo-me com isso porque em essência sou desconhecido até da minha própria mãe...
Sou uma bruma que desaparece com o calor das palavras mais entusiastas ao meu respeito. Desvaneço quando me apontam o dedo... Desapareço quando focam os fachos fracos do julgamento de suas lanternas sobre mim... E não sou visto à luz das velas que lhes ofuscam as visões...
Porque nem eu mesmo tenho palavras que possam descrever a minha própria existência...

Acredito no milagre...
E é nele que espero todos os dias, e é por isso que vivo.
Não entendo bem o que é que espero, mas sei de quem espero. Esperei por todos esses anos, e esperarei ainda mais um dia... Dois talvez... Mil... Milhares... Ou mais... Sou desses que crêem que estes acontecem na eternidade... Não do jeito que os homens esperam, mas do jeito que devem ser...

Acredito no amor...
Não nesse anunciados pelas bocas, mas esses que as almas derramam e cultivam em vasos de um ouro não conhecido pelos olhos de quem pensa ver, mas só pensa... Já vi os dedos do amor num dia que tive uma visão do arremate da minha existência...

Acredito (e não) na brincadeira...
Não brinco de viver... Nem com os sentimentos colocados num pedestal sagrado... Não brinco com a vida que é mais sagrada que todos os deuses de todos os cultos encenados por todos os profetas em todos os templos de todos os tempos... Mas acredito nessa luz que brilha muito acima dos olhos de quem tenta desvendar esse eterno mistério que não pode ser desvendado... É aí que entra o que creio. É assim que explico o inexplicável...

Não acredito no engano...
E quando não acredito, é que sou enganado... E desacredito, e uma sabedoria imensa invade meu coração, e tenho nesse instante, vontade de mais ainda me esconder, porque sei que todos o que pensam que me conhecem dão as suas opiniões fortemente fundamentadas em tudo o que já ouviram que é um homem...

Mas eu não sou desses homens...
Não acredito neles...
Sou único.
Diferente...
Só.

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Adelmario Sampaio
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