Usina de Letras
Usina de Letras
168 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62073 )

Cartas ( 21333)

Contos (13257)

Cordel (10446)

Cronicas (22535)

Discursos (3237)

Ensaios - (10301)

Erótico (13562)

Frases (50480)

Humor (20016)

Infantil (5407)

Infanto Juvenil (4744)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140761)

Redação (3296)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6163)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Ensaios-->POESIA VISUAL -- 04/11/2004 - 20:57 (ANTONIO MIRANDA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
POESIA VISUAL

Antonio Miranda

Uma exposição de Poesia Visual teve lugar no Centro Cultural de Brasília, no ano passado (2003), seguida de palestras pelos poetas participantes, entre eles o antológico AUGUSTO DE CAMPOS.

Enderecei, naquela oportunidade, duas perguntas ao poeta concretista Augusto de Campos, precedidas de breves explanações. A primeira dizia respeito à disputa entre concretistas e neoconcretistas, grupos de vanguardistas que incendiaram o cenário das artes no Brasil de meados da década de 50 aos anos 60 do século XX. Os manifestos e os trabalhos dos participantes dos dois grupos tinham, de fato, algumas posições estéticas irreconciliáveis no plano teórico, relativamente ao modo de produção “literária” ou “verbivocovisual” de seus participantes, enquanto que os trabalhos dos artistas plásticos podiam diferir em estilos mas as contradições não eram tão óbvias.

O neoconcretismo, entrincheirado no Suplemento Dominical do Jornal do Brasil (SDJB), apelava para as teorias de Max Bense e do Bauhaus e invocava um cunho humanístico na criação artística, pregava a integração das artes e a polêmica inflamou a intelectualidade daqueles tempos de JK e Niemeyer, de Brasília e de Bossa Nova. Ferreira Gullar foi um dos redatores do manifesto e um dos poetas mais ativos do grupo, junto dele e com ele, o poeta e editor Reynaldo Jardim (que publicou os meus primeiros ensaios literários no SDJB, com o pseudônimo de Da Nirham Eros). Sobre aquele período de nossa história literária e cultural, eu dei o meu modesto testemunho no romance Manucho e o Labirinto (SP: Global Editora, 2001). Minha visão era de fora, de um espectador, de quem participava daqueles movimentos como membro de um grupo mais obscuro – o poegoespacialismo (a respeito ler a análise de Roberto Pontual nesta página www.antoniomiranda.com.br em Obras publicadas, livro: Vatemago).

Mas o grupo dos poetas do Rio de Janeiro – os neoconcretistas -, perdeu alento com a redução do espaço no Jornal do Brasil e com o engajamento de alguns de seus membros no CPC da UNE, em que passaram a fazer militância política e a escrever e publicar literatura de cordel; diferentemente dos artistas plásticos – Lygia Clark, Amílcar de Castro, Ligia Pape, etc. que continuaram sua produção sem rótulos.

O pessoal concretista continuou em sua trincheira ou reduto cada vez mais próximo da universidade e da academia, criando uma obra de pesquisa ininterrupta até a atualidade, sendo Augusto de Campos o mais notável líder sobrevivente. Quis saber do poeta experimentalista e teórico, até que ponto as divergências entre neoconcretistas e concretistas eram menos estéticas e mais bairristas, entre cariocas e paulistas. Em verdade, queria tão somente provocar um julgamento – distanciado no tempo e no espaço – daquele maniqueísmo e a resposta de Augusto de Campos foi longa e muito elucidativa, reconhecendo diferenças de posturas, de visões e concepções teóricas que, no entanto, ainda permanecem mas sem a ênfase e o radicalismo daquela época.

A resposta foi gravada em imagem digital e poderá vir a ser divulgada para um público mais amplo.

A segunda questão era sobre a denominação “poesia visual” para toda a enorme diversidade de experiências do gênero, em todo o mundo. No meu entendimento, “concretismo” e “neoconcretismo” denominavam propostas teóricas de vanguarda muito objetivas e precisas, enquanto que o termo Poesia Visual – de maior aceitação nos dias de hoje – resulta mais abrangente e até mesmo ambíguo, como uma espécie de termo guarda-chuva para abrigar diferentes e até opostas experimentações.

Augusto de Campos foi mais evasivo na resposta, mas sem deixar de ressaltar as vantagens do novo termo como uma espécie de “denominador comum” (termo que ele não usou mas que eu atribuo) para as diversas tendências experimentalistas, desde as que partem das artes plásticas e da poesia até a dos tecnólogos da computação gráfica.

A Poesia Visual vem sendo objeto de grandes exposições em museus e centros culturais do Primeiro Mundo, quase sempre com o reconhecimento do pioneirismo dos brasileiros na sua formulação e experimentação, com destaque para a obra dos irmãos Haroldo e Augusto de Campos e de Décio Pignatari.

Não se trata de um movimento exclusivo da literatura nem tampouco das artes plásticas e muito menos um “ismo” sepultado na cronologia das escolas da poesia modernista ou futurista. É um movimento vivo, paralelo, que influenciou e continua a influenciar a literatura, assim como influenciou as artes em geral, e as artes gráficas e a publicidade em particular. Movimento que segue seu curso, sendo objeto de pesquisas e experimentações em universidades e que ainda vai render muitos estudos, edições e exposições como a que, em boa hora, promoveu o Centro Cultural da Caixa Econômica Federal.
(2004)

Um texto mais completo e complexo sobre o tema da Poesia Visual Brasileira na Internet, de autoria de Antonio Miranda, acessar~:
http://www.antoniomiranda.com.br/ensaios/POESIA%20VISUAL%20BRASILEIRA.htm

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui