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Ensaios-->TERRA BRASILIS: PROPOSTA DE UM POEMA-ENSAIO VIA INTERNET -- 22/11/2004 - 13:31 (ANTONIO MIRANDA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


TERRA BRASILIS: PROPOSTA DE UM POEMA-ENSAIO VIA INTERNET E ANTECEDENTES

Antonio Miranda



1 Introdução

Um autor não tem por quê explicar ou justificar a sua obra. Quando muito, pode teorizar, como manda a tradição dos vanguardas.

Seja como for, é sempre útil dar alguma informação das propostas e concepções pessoais embora o que vale, ao fim e ao cabo, é a obra mesma. E esta pode explicitar o que o autor perseguiu quanto pode despistar, como pode também revelar aspectos e intenções que não estavam óbvias no processo criativo.

Escrevendo há mais de cinqüenta anos, tenho alguma intimidade com os meus escritos. As transformações técnicas, de estilo e conteúdo, ao longo de um período tão extenso, são flagrantes mas é possível perceber certa reiteração de temas e visões estéticas, um vocabulário recursivo, uma constância na metamorfose produtiva.

Uma dessas permanências é o Brasil como matéria ideológica e plástica, como tema e como forma, pela linguagem, pela “visualização” imagético-semântica imposta pela percepção dos fenômenos. Entre o que se vê e o que se mostra no texto intermédia uma formalização própria, consubstanciada, substantivada e adjetivada.

Em Tu País está Feliz, o tom era mais confessional, denunciatório, vivencial, numa comunicação direta com o público.

Em Brasil, brasis, um tanto esperpêntico, o foco é mais de crítica e escárnio, de reflexão e de desassossego com os valores nacionais, no momento da celebração dos 500 anos do “Descobrimento”, espécie de revisão do processo histórico e do estado da nacionalidade.

Canto Brasília, em homenagem ao centenário de JK, também coloca o Brasil como cenário de utopias desenvolvimentistas e integracionistas dos que defenderam, nos últimos 200 anos, a construção da Nova Capital do país. A linguagem foi despojada e depurada aos seus elementos mínimos, numa arquitetura verbal “coisificante” –como diriam os concretistas-, ideogramática, essencial, minimalista do discurso poético.

Perversos é (um texto) mais abrangente, ditirâmbico, hedonista, irado, verborrágico, iconoclasta, anárquico, versando sobre a existência e a sexualidade, assim também sobre as relações político-sociais adversas.O Brasil aparece mais difuso, atávico, conflitivo.

As obras citadas levam à classificação propositiva de “livros-poemas” porque foram compostos como peças completas, embora complexas, através de unidades interrelacionadas – cantos, exórdios, etc.

Retratos pretendeu corporificar a unidade poética na diversidade temática. Os temas guardam pouca relação entre si – personalidades literárias, lugares, personagens, idéias – mas constroem um universo de referências culturais e ideológicas da formação intelectual do autor que, em certo sentido, são comuns a outros indivíduos, com os quais pode estabelecer uma sinergia. Os poemas do livro são mais extensos e discursivos do que os dos títulos anteriores.

Para a escritura de uma obra como a que se apresenta – Terra Brasilis- , foram necessárias duas abordagens de leitura do fenômeno da brasilidade.

A primeira, vasta e demorada, vem de livros e de toda sorte de registros que foram consumidos ao longo de mais de meio século. Freqüentador de bibliotecas e museus, colecionador de objetos – livros, postais, discos, etc.- tive-os aos milhares, li-os às centenas e, na maturidade em que me encontro, volto a vê-los com outro olhar e a interpretá-los: poesia, estudos sociológicos, históricos, pinturas, peças museológicas, sítios na Internet, etc., etc. Antonio Vieira, L. Agassiz, João Francisco Lisboa, Castro Alves, Ruy Barbosa, Euclydes da Cunha, Ruy Barbosa, Mário da Silva Brito, Conde Affonso Celso, Sérgio Buarque de Holanda, Mário de Andrade, e tantos outros autores evocativos e interpretativos de nossas identidades nacionais e regionais. Tantas obras e tantos autores extraordinários que compõem uma amplíssima Brasiliana, um referencial do mais alto quilate para entender a nossa trajetória humana, a nossa alma coletiva, sem deixar de lado os mais recentes – Gilberto Freyre, Roberto da Matta, Pedro Braga e todos os demais, que permitem a compreensão de valores mais recentes, na continuidade de um processo civilizatório.

A segunda experiência de nossa realidade vem de sucessivas e longas viagens por todo o Brasil, desde o dia em que minha família tomou “um Ita no Norte”, em São Luis do Maranhão, e veio pro Rio morar. Desde muito jovem, saí a andar pelo país: de trem, de caminhão de barco, de ônibus e, nos últimos tempos, de carro e de avião. Por toda parte, por todos os estados e territórios (quando haviam, incluindo Fernando de Noronha). Do Amapá ao Rio Grande do Sul, do Paraíba ao Acre, de São Paulo ao Pantanal.

Uma combinação de leituras e viagens garantiu-me uma visão de Brasil que estimo válida para a aventura poética de meus próprios livros, em particular do presente Terra Brasilis. É fantástico para um autor ver através de outros escritores. Andar pela caatinga com as reminiscências do Graciliano Ramos e as imagens de Vidas Secas do Nelson Pereira dos Santos; ir a Salvador, depois de ler Jorge Amado e de ver a estréia do Pagador de Promessa do Dias Gomes e do Anselmo Duarte; de percorrer os pampas gaúchos depois de desfrutar dos textos do Érico Veríssimo ou de andar pelos sertões mineiros na companhia imaginária dos personagens do Guimarães Rosa ou, por último, dentre tantos exemplos, de andar pelas ruas antigas de Ouro Preto em seguida à releitura do Romanceiro da Inconfidência da extraordinária Cecília Meireles, dos versos de Alvarenga Peixoto e de Cláudio Manoel da Costa e, se não bastasse, de ler as memórias de Afonso Arinos de Melo Franco. Um verdadeiro privilégio. É ver com muitos olhos e observar com muitas inteligências.


3 Projeto Terra Brasilis

Estou engajado no projeto do livro Terra Brasilis há pouco mais de um ano, com muito entusiasmo, reforçado com o início de operação de minha página na web (www.antoniomiranda.com.br). Com Terra Brasilis eu pretendo uma interpretação do Brasil baseado na vasta experiência que eu venho desenvolvendo com a leitura dos textos que vêm dos cronistas coloniais, dos visitantes estrangeiros, dos analistas brasileiros e estrangeiros. A leitura de um livro de centenas de páginas pode provocar uma ou duas ou três “citações' mas colabora na redação dos textos que eu tenho em mente compor.

O plano do livro compreende as seguintes partes:

1. DE ORNATU MUNDI - relativa ao nosso território, numa concepção copernicana do 'paraíso', jardim terrenal ou seja lá o que for, ao ambiente em degradação, ao espaço comum que habitamos. O Brasil, - todos sabem - é quase um continente e a geografia não apenas une como divide o país. Não pretende nem de longe ser descritiva ou apologista das belezas nacionais, ao contrário, intenta interpretar culturalmente a nossa ocupação territorial, com seus desafios e sacrifícios. Brasil é uma palavra tomada de uma árvore - o pau-brasil - mas a palavra vem do celta e o seu uso para referir-se à vermelhidão do produto que tingia tecidos vem desde tempos imemoriais e a Ilha Brazil já aparecia em mapas anteriores ao descobrimento...

2. DE REVOLUTIONE MUNDI - relativo ao tempo, à nossa transformação histórica de
povos transladados para o Brasil desde períodos primitivos; não apenas os colonizadores europeus. Uma história enviesada, falseada, mitificada oficialmente e que precisa ser revista e entendida pela poesia – porque a poesia trabalha mais holisticamente seu discurso - e não apenas pelos historiadores e sociólogos.

3. DE ANIMA MUNDI - que tem a ver com a nossa alma coletiva, com os nossos valores de multirracialidade, com a nossa 'unidade na diversidade'.



Quando eu já estava com meia centena de poemas escritos, comecei a distribuí-los
a amigos, a lê-los em diversos lugares e até a publicá-los. As reações foram
controversas, mas sempre positivas. Parti então para a Internet, publicando os poemas em 'fascículos' remetidos a grupos de pessoas - mais de 800 - que eu acreditava tinham interesse pela poesia e pelos temas expostos. Pedia opiniões, críticas, sugestões. As respostas vieram em grande quantidade, até em versos... Elogios, propostas de temas, perguntas, críticas a certos enfoques, e até na forma de ironias e ofensas... Um dos internautas ficou muito irritado, achando que só há espaço para a poesia lírica, que esse negócio de poesia social ou política é discurso e não poesia, que no tipo de poema que eu estou praticando não passa nem bafo de poesia... É assim mesmo. Críticas sempre são bem-vindas, constituem desafios ao criador para não ficar isolado nos elogios mais
fáceis.

Em certa medida, proponho uma “obra aberta” no sentido dado por Umberto Eco, com “um convite a fazer a obra com o autor”. Nesse sentido, o autor não sabe exatamente de que maneira a obra poderá ser levada a termo, mas sabe que a obra levada a termo será, sempre e apesar de tudo, a sua obra, não outra, e que ao terminar o diálogo interpretativo, ter-se-á concretizado uma forma que é a sua forma,pois ele, substancialmente, havia proposto algumas possibilidades já racionalmente organizadas, orientadas e dotadas de exigência orgânica de desenvolvimento.

Na fase final do projeto, é possível que eu siga a sugestão de um amigo, professor da área de Letras, para formar um grupo de discussão via web, visando fechar os pontos mais críticos e polêmicos de meu trabalho. Tomara que eu consiga. Ele sugeriu trabalhar com professores e alunos de todo o país, por adesão a um chamado específico, e estou estudando a idéia.

Não importa que medidas eu venha a tomar no final do projeto, o que vem acontecendo até aqui tem sido de uma validade extraordinária para o meu trabalho, um tremendo estímulo criador. É fantástico ver que os poemas saem navegando e, horas depois, estão em centenas de lugares, que são repassados, e chegam os comentários que reorientam o processo criador. Uma experiência nova em minha carreira. Até onde for possível levar esta experiência avante, nos próximos 10 ou 12 meses, eu a prosseguirei, na tentativa de chegar a algum resultado que me convença de ter atingido algo válido. Tomara. Aposto, no momento, todas as minhas energias e todo o meu empenho no projeto.

Finalmente, devo confessar que estou muito honrado de participar de um encontro
internacional de indiscutível qualidade e de trazer e expor as minhas idéias e os meus livros mais recentes. E de rever este país maravilhoso que é o Chile.
Muito obrigado pela oportunidade!

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RESUMEN

TERRA BRASILIS: PROPUESTA DE UN POEMA-ENSAYO VIA INTERNET Y ANTECEDENTES
MIRANDA, Antonio – Universidade de Brasília
La presentación de la charla del poeta y escritor brasileño Antonio Miranda comprende tres breves partes: una Introducción en que diserta sobre la metapoesía de Brasil – trabajo que viene desarrollando paralelamente a la lectura de manifiestos y otras formas de discurso sobre la poesía brasileña. En seguida, hace un resumen de las etapas de su propia obra poética, a partir de su poemario Tu país está feliz (11 ediciones en español y portugués, la primera en Caracas, Venezuela, 1970, que dio lugar a la Fundación de Teatro Rajatabla); Brasil Brasis, Canto Brasília, Perversos y la última, Retratos y poesía reunida (2004), disertando sobre las características estilísticas y formales de su proceso creativo. La tercera parte está dedicada a la exposición del Proyecto Terra Brasilis, libro de poemas compuesto de 3 três partes: DE ORNATU MUNDI (sobre el espacio, la geografía y su ocupación y preservación), DE REVOLUTIONE MUNDI (sobre el tiempo, las transformaciones históricas y sociales de Brasil) y DE ANIMA MUNDI (sobre el alma, los valores culturales e idiosincrasias). Los textos de este poema-ensayo están siendo distribuídos por la Internet y el Autor establece discusiones, recibe críticas y aportaciones para la elaboración del texto final a ser publicado en 2006.

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Texto apresentado pelo autor no VII CONGRESSO DE HUMANIDADES, Universidade Metropolitana de Ciencias de la Educación, Santiago de Chile, 2004


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