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Cronicas-->Encontro Inesperado -- 21/06/2000 - 13:59 (João Correia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quando temos apenas doze anos de vida, a vida parece não passar de uma interminável brincadeira. E a escola é nosso pátio. E é nessa escola que fazemos algumas amizades - a maioria apenas amizades escolares - e é neste universo que entramos em contato com as tão frequentes brincadeiras de mau gosto; e neste universo, descobrimos que não há muitos tipos diferentes de gente: lá, na escola, há os encrenqueiros e os não-encrenqueiros; os diferentes e os não-diferentes. E (quase) todos esses rostos que conhecemos nessa época, todas essas pessoas, vão, de algum jeito, se perdendo na memória, se misturando com outros rostos que vamos conhecendo, com o passar do tempo.

Eis que um belo dia, numa festa, um desses rostos - já esquecido pelo tempo - volta a me encontrar:
"- Te conheço de algum lugar!", ele disse, apontando para mim.
Eu, que me encontrava meio de costas para essa pessoa, viro-me para checar se era comigo mesmo que estava falando.
"-Eu?", indaguei.
"- Sim, você..." ele respondeu, com um olhar de quem estava fazendo uma viagem na memória, em busca de algum vestígio de semelhança de algum rosto antigo com o meu.
Eu o disse que achava já ter o visto em algum lugar também; porém, seu rosto em nada me parecia conhecido. Mas a voz... havia algo de familiar naquela voz.

Começamos a pesquisar nossos passados e descobrimos que um ano, lá bem no passado, fomos da mesma sala de colégio. Aos poucos vamos recordando pessoas, fatos que ocorreram (o engraçado é que ele aparenta ter uma memória infinitamente melhor que a minha, pois ele lembra-se de diversos acontecimentos com mínimos detalhes, e eu mal lembro de acontecimento algum; fico me perguntando onde que eu estava quando aquelas coisas aconteceram; como eu pude estar tão ausente) e vou lembrando-me cada vez mais dele. E me lembro que na época ele era um garoto tímido, que adorava desenhar (o que, de certa forma, nos unia um pouco, porque eu também gostava muito de desenhar) e ele era frequentemente a vítima daquelas brincadeiras de mau gosto que sempre acontecem numa sala cheia de garotos de 12 anos, cheios de hormónios.

De repente, aquele "menino" tímido que gostava de desenhar aparece-me na minha frente. A diferença é que agora ele não é mais o "menino", agora ele é um homem, de barba e namorada. Antes era um simples menino que gostava de desenhar; agora, um futuro médico.

E a gente põe-se a conversar, e a conversa até que sai com uma certa desenvoltura, como se fossemos amigos de anos, quando, na verdade, fomos apenas colegas por um ano no ginásio. Vamos descobrindo que durante esses anos todos, nossas vidas não estiveram tão distantes assim, e até temos amigos - ou colegas - em comum (o mero fato de termos nos encontrado numa festa já é uma prova de termos algum conhecido em comum: o anfitrião) e presto atenção em como aquela pessoa havia mudado - seu jeito, seus modos; era uma outra pessoa.

Mas então chega a hora de irmos embora. Nos despedimos alegremente, com um ar de "prazer em revê-lo"; ou um ar de "espero reencontrá-lo novamente". Ou, mesmo sem sabermos, talvez tenhamos ficado com essa impressão de ter certeza que algum dia voltaríamos a nos encontrar; assim, ao acaso, à surpresa, como desta vez. O mundo dá voltas.... como dá voltas.
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