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Contos-->O Colar -- 27/11/2002 - 22:38 (Warny Augusto da Silva Marçano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O colar de esmeraldas tinha caído no chão , rompendo o silêncio que se formara depois da surpreendente revelação de Ernesto Litz. O biólogo , de 76 anos , iria se casar novamente com Lúcia Amaral , uma espécie de governanta da mansão onde eles moravam. A mesa que recebera a notícia era composta de oito pessoas. Ernesto e Lúcia estavam radiantes , ao contrário dos outros seis: Valéria Souza , filha do biólogo , e seu marido Arnaldo Souza , Cláudio Litz , o filho mais velho e sua esposa Carolina Litz , a filha do casal Jaqueline também estava presente. Completando a família , estava Maurício Tavares , sobrinho de Ernesto. Durante o jantar , o assunto foi evitado ,e a conversa mudou para a morte recente do gato pertencente à Valéria. Mais tarde , os comentários foram inevitáveis , quando o patriarca foi dormir e Lúcia tinha ido embora.
_ Meu pai não pode fazer essa loucura _ comentou Valéria _ certamente está fazendo isso pra nos humilhar. Ela sempre teve uma idéia diferente dos outros em relação ao dono da mansão Litz. O velho sempre fora sarcástico e pervertido , na verdade sempre o odiara e não escondia isso de ninguém. Sua personalidade ainda ajudava a concluir que ela era fria e calculista , e pensava muito bem antes de fazer algo. E quando o fazia ,tinha sempre a seriedade e os fins para aquele ato que tinha cometido. O pai era diferente , gastava uma fortuna com diversão e o que mais lhe divertia era a humilhação dos seus familiares.
_ Ele está louco , poderíamos interná-lo _ opinou Arnaldo , sempre querendo fazer algo radical , que resolveria a situação o mais rápido possível. Era advogado e estava preocupado com os rumos financeiros que a família poderia tomar.
_ O vovô vai para um hospício? _ perguntou a esperta Jaqueline , apesar de ter apenas dez anos de idade.
_ É melhor você ir dormir , Jaqueline _ disse Valéria.
_ Eu sabia que ele tinha alguma novidade desse tipo , estava desconfiando desse jantar , ele só reúne todos nós quando quer alimentar o sarcasmo dele _ comentou Cláudio , que tinha uma opinião parecida com sua irmã.
Carolina e Maurício observavam calados os três maiores representantes da família contra o velho. Ela não ligava para o fator financeiro , sabia que estava passando por problemas de dinheiro , mas preferia passar fome do que se sujeitar às humilhações do biólogo. Ele precisava desesperadamente de dinheiro pois tinha perdido tudo em ações , nunca se dera bem nos negócios mas sempre estava tentando.
Cláudio adorava a irmã e ficavam horas conversando sobre o que poderiam fazer com o pai. Arnaldo às vezes participava da conversa mas preferia ficar em seu escritório atendendo seus clientes , ou o que sobrara deles. A situação também não estava nada boa para ele e a esposa ,mas os dois não deixavam transparecer , principalmente quando estavam hospedados naquela mansão.
Naquela madrugada , todos estavam nervosos com o que tinha acontecido. Mas na manhã seguinte ,ao acordarem e ver que o velho não tinha se levantado , ficaram apreensivos. Depois de algum tempo ouvem os gritos da criada.
_ Ele está morto! Foi assassinado!
_ Quem? _ perguntou Valéria ,já adivinhando a resposta logo depois _ mataram meu pai? É isso que você está falando? _ a criada estava desesperada.
A cena era terrível. Ernesto Litz fora estrangulado e seu pescoço tinham marcas profundas, causadas depois de sua morte , provavelmente. O quarto estava arrumado , e a janela não fora arrombada.
A polícia chegou logo depois e concluiu rapidamente que tinha sido alguém da casa que matara o biólogo. Como o quarto dele ficava no segundo andar e nenhum criado dormia no serviço , os suspeitos ficaram reduzidos aos seis que dormiram na mansão. O inspetor Lopes decide então conversar com todas as pessoas da casa. A primeira foi Valéria , que estava indignada com as conclusões do policial.
_ Só pode ter sido algum louco , que entrou aqui em casa. Não foi alguém da família que cometeu tamanha atrocidade _ afirmou.
Ela estava transtornada com todos aqueles acontecimentos. Seu marido , Arnaldo , afirmou que não notara nada de estranho durante aquela noite. Cláudio e Carolina entraram logo depois e este deu uma declaração surpreendente:
_ Eu vi Maurício entrar no quarto de meu pai durante a madrugada. Eu não achei estranho porque muitas vezes meu pai , que sofria de insônia , telefonava para um de nós durante a noite pra conversar com ele. Muitas vezes todos nós nos reuníamos aqui nessa casa. E muitas vezes acontecia essa situação.
A expressão de Carolina era de extrema palidez. Ela não estava acreditando no que o marido dissera. Mas Arnaldo estava obstinado e não parecia ter mentido em sua declaração.
O testamento de Ernesto Litz revelou algo ainda mais surpreendente: metade da fortuna do biólogo ia para Maurício Tavares. Não precisou de muitos dias para o inspetor Lopes prender Maurício , afinal ele tinha motivo ,oportunidade e meios de se cometer o crime. E pesava contra ele uma testemunha que vira o acusado entrar no quarto da vítima. A arma do crime , que era certamente algum objeto pontiagudo , não foi encontrado.
Uma semana depois , Cláudio e Carolina brigavam , mesmo com a presença da filha deles Jaqueline , escondida no quarto.
_ Você fez aquilo pra se vingar de Maurício _ acusou Carolina.
_ Está com pena de seu ex-amante? _ respondeu Cláudio , saindo apressadamente.
_ Mamãe _ disse Jaqueline , aparecendo de repente _ eu vou poder fazer o curso de teatro agora? Antes o vovô não deixava.
_ Vou pensar depois nisso ,Jaqueline. Acho que vai fazer bem pra você ,afinal deve ter sido um choque pra você tudo o que aconteceu aqui.
_ Sim ,mamãe.
Carolina sai do quarto com a expressão preocupada por causa da discussão que tivera com o marido. Como poderia acusá-lo de algo que não tinha certeza? Era quase certo de que Maurício era um assassino e ela quase destruiu sua família , apaixonando-se por aquele homem.
Enquanto isso , Jaqueline estava pensativa em seu quarto. Sua expressão era muito satisfeita ,afinal iria conseguir realizar o seu sonho de ser atriz , o que era proibido para seu avô. Ela olhava para as mãos , onde segurava um belo colar de esmeraldas , presente de seus pais, que ela nunca se separava. Aquele colar fora útil mais uma vez. Ela pensava sorrindo na força que ela teve que empregar ,não tinha sido como o gato de Valéria , foi algo diferente. O sangue no fio do colar demorou para sair ,mas ela não se importara com isso ,era um pequeno troféu que ela ia carregar para sempre , entre seus melhores brinquedos.

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