Eu esperei um pouco. Haviam muitas estrelas, muitas nuvens, olhava para o céu.
Pensava no dia em que ela se foi.
Nem sei como era aquele dia.
Foi apenas um dia, um dia sem noite, sem sol, sem lua, sem vida. Fim de vida.
Caminhava sobre a areia, vendo o mar arrebentando ondas contra o continente. Uma briga eterna entre os elementos, tentando provar a força das densidades, a união dos materiais.
A água revolta levava a areia e batia nas pedras, punindo-as ao longo dos milênios.
Talvez fosse por isso que eu gostasse do mar.
Gostava de ver esta briga. Fazia lembrar eu brigando com o mundo, em busca de uma verdade absolutamente não absoluta, em busca da comprovação final da relatividade.
Meus pensamentos conduziram os olhos para a areia.
Haviam conchas, alguns siris desgarrados, baratas de praia fugindo. Um caranguejo morto me lembrou que existem coisas que não se explicam. Se explicam mas não justificam.
Como a partida da menina.
A última vez em que a vi brincava na areia, com um objeto parecido com uma pá e um baldinho.
Depois não tivemos mais contato.
Por estas coisas que o destino apronta.
Baixei os olhos e vi pegadas na areia.
Poderiam ser dela. Quem sabe?
Peguei carona na cauda de um cometa distraído.
Segui as pegadas... |
