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Cronicas-->Macete -- 03/09/2002 - 15:39 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Marcelo era um jovem esperto, tendo apreendido de amigos e vizinhos tudo o que achava útil para seu desenvolvimento profissional desde pequeno, aproveitando a oportunidade para fazer amizades influentes. Foi assim que conseguiu o emprego de auxiliar de serviços gerais na Rádio Progresso.
Começou fazendo faxina, passou para o escritório e logo experimentou algumas oportunidades de aparecer em alguns horários, sempre anónimo, por conta de problemas com a voz. Coisa de trauma, que nem sempre psicólogo conserta.
Tudo surgiu na infància. Marcelo viu seu pai vestido de mulher, num carnaval do interior, e deduziu que para engrossar a voz precisava usar vestido. Sem vestido a voz saía meio fraquinha, sem força. Quando Marcelo usava um vestido, uma calcinha, uma peça feminina qualquer, se tornava dono de um vozeirão que impressionava todos os seus amigos.
Mas na rádio, no meio de tanta gente entrando e saindo, Marcelo tinha vergonha de usar um vestido ou adereço que colocasse em dúvida sua masculinidade. E por isso sofria. Sofria por saber que ao se tornar radialista poderia ganhar um salário melhor, ocupar um lugar de destaque na mídia e na sociedade.
Suas incursões eram sempre para cobrir lacunas, mas sempre com a voz fraca, quase inaudível, em frases para apoiar comentários favoráveis ao governo, coisa que surgia quando a rádio fazia acordos com a situação. Para criticar o governo também aparecia, com voz mais fraca ainda, o que deixava o dono da rádio em bons lençóis.
Foi assim até o dia em que Marcelo conheceu Josi, uma garota do bairro pela qual sentiu grande atração, começando um namoro que chegou em poucas semanas ao interessante estado de gestação. Coisa de entusiasmo de jovens, mas os pais queriam o casório como forma de reparar a desfeita e a quebra da honra.
Marcelo só tinha a opção de melhorar o salário para casar. Salário de escritório não dava para mulher e filho.
Conversou com os amigos, e o mais matreiro, Moisés, sugeriu que Marcelo fosse trabalhar na locução, onde a venda de anúncios era melhor fonte de renda. Afinal, só tinha que usar um vestidinho ou calcinha para ter um vozeirão.
Depois de uma noite sem dormir, Marcelo tomou a decisão. Roubou uma calcinha da Josi, pegou um vestido de sua mãe e foi para a rádio, enfrentando risos pela avenida principal. Na hora certa entrou com o vozeirão e tomou conta do rádio.
Dizem que ainda é o principal locutor da Rádio Progresso, e que ninguém liga para seu estranho problema, pois a voz compensa os vestidinhos mais ousados e as tanguinhas que usa para soltar o vozeirão e garantir a audiência.
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