O charme rough (em bruto, não lapidado) de algumas moças do proletariado é algo muito interessante de se ver.
Ele é, creio eu, uma das poucas coisas que ainda restam da cultura popular que ainda são atraentes esteticamente aqui em SP.
No Rio ainda há o samba de morro. Em Salvador há o Olodum. Ambos bastante industrializados. Mas ainda podem ser chamados de arte. Pelo menos de um ponto de vista de classe média.
Mas em S. Paulo, tudo que consigo ver produzido pelo povão são as coisas do tipo brega e sertanejo, as tais 'músicas de corno', o 'breganejo'.
Por mais que o brega possa ser considerado uma provocação irônica e engraçada, essa faixa é muito estreita e nela cabe apenas Falcão, o arquiteto e cantor cearense. Apenas parte do trabalho de Reginaldo Rossi pode ser colocada aí.
No mais, o breganejo é muito estéril e nada produziu de interessante. Sim, resta algo de samba em alguma escola de S. Paulo. Vinícius de Morais dizia a tolice 'S. Paulo é o túmulo do samba'. Nós, que gostamos de S. Paulo e do samba de S. Paulo, podemos dizer que (a obra de) Vinícius de Morais é o túmulo da MPB.
Mas o espaço do samba em S. Paulo sempre foi pequeno. Agora é ainda menor do que antes. Assim, pouco sobra aos estetas paulistanos, verdadeiros apreciadores da criatividade e engenho populares, a não ser apreciar a beleza feminina do proletariado.