Diário de um pseudônimo (033) (2004/12/17)
Penfield Espinosa
17/12/2004
Segundo Karl Popper, uma teoria é científica apenas se é possível logicamente criar eventos -- chamados experiências cruciais -- que demonstrem que ela é falsa.
Por exemplo, no caso da gravitação, pode-se imaginar como experiência crucial como sendo: alguém corta o ramo que une uma maçã desprende-se à macieira. Em vez de cair e atingir a cabeça do filósofo natural que pensava sob a sombra da macieira, a maçã passa a subir mais e mais. Esse resultado do experimento de cortar o ramo de uma maçã mostraria que a teoria da gravitação é falsa.
O raciocínio de Popper para conseguir a demonstração da falsidade de uma teoria é chamado de modus tollens. Em poucas palavras, ele pode ser exposto como
Da teoria T, decorre o fato observável F
O fato F não ocorreu
-----------------------------------
Portanto, a teoria T é falsa
Infelizmente, no mercado de teorias, é extremamente difícil que um grupo de cientistas abdique das teorias que, com tanto custo, desenvolveram. Eles vão lançar mão de todos recursos que puderem para defender suas teorias. Inclusive os truques que Popper considera sujos, as explicações casuísticas, ou ad hoc, criadas com o propósito específico de defender uma teoria de um argumento falseador.
Enfim, não somos honestos o tempo todo. Nem mesmo os cientistas.
S. Paulo, 17 de dezembro de 2004
(Copyright © 2004-2009 Penfield da Costa Espinosa)
|