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Cronicas-->Poesia navalha -- 03/09/2002 - 15:48 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O policial apenas cumpriu a ordem judicial. Jogou o homem no canto da cela, embora o juiz apenas determinasse a detenção. Cometeu uma infração. Deixou de pagar a pensão alimentícia.
Não que não pudesse pagar, mas teve preguiça de cumprir a determinação do juiz. Apenas por onze meses.
Tá certo que os piás estavam precisando da comida, mas era melhor deixar isto de lado. A família da mulher também tinha dinheiro, muito mais do que o músico-poeta-bacharel.
Ah, como seria possível ter inspiração se fosse obedecer a tudo, principalmente ao juiz, que era tio da ex-mulher? Não! As noitadas eram boas.
Os piás eram vistos umas três vezes por semana. Prá que dar pensão se eles estavam gordinhos? Cada um mais gordinho que o outro. Eram três. Quatro, três e dois anos.
A separação se deu por excesso de boêmia. Mas também, um poeta como aquele ficar preso por convenções. Queria ter várias mulheres, muitas musas para sua letra. Poeta de barba, inimigo das navalhas e làminas de barbear. Meio marxista.
Gostava mais do Grouxo Marx do que do Karl. Misturava os dois. Cantava Vandré, Edu Lobo, Chico.
Mas o juiz não quis saber de conversa. Faltava o dinheiro da comida, mesmo que os guris estivessem gordinhos. Era de direito. O homem reconhecia, mas era irresponsável. Criança grande em forma de gente.
Podia pagar, mas não pagou. Por pura infantilidade. Tinha birra com a Teresa.
O juiz mandou e o policial levou o homem. Algemado. Jogou lá no fundo da cela.
O policial já conhecia o casal e a história. Talvez ficasse com a Teresa se o homem estivesse preso. Detestava o poeta-músico-bacharel. Um futuro maldito advogado, daqueles que libertam os outros, que parecem diminuir o trabalho da polícia depois de tanta investigação.
No fundo da cela tinha também o Chico. Era burro e cruel. Preso por cortar a garganta de uma mulher. Improvisava com tudo para fazer corte.
Viu quando o homem entrou e falou qualquer coisa. Percebeu a prótese do infeliz da vez.
Chico era forte. Aproveitou a saída do policial e imobilizou o homem. Tomou a ponte móvel e com ela deu um talho no pescoço do poeta-músico-bacharel.
Não fez barulho. De madrugada alguém pagou a pensão e a fiança. Foi em vão. O metal da ponte fez papel de navalha. A Teresa enlouqueceu. O policial continuou só, sem saber porque cumpria algumas ordens.


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