Manhã muito fria, seguida de uma noite fria, muito fria, quando estou tão só. E é aí que me vêm as impressões extras, os devaneios. A maneira que você se parece nesta noite, ou nesta manhã que a sucede. É isso. Pensar em você, mas não em você... Vejo você vindo, alegre, feliz, voando. Where are you, darling? I mean, where you really are? Suspiro... É você mesma numa outra dimensão, num mundo paralelo talvez. Criamos um buraco de minhoca entre nossas dimensões? Só nós sabemos. Nada me resta nesta ocasião a não ser amá-la. E amá-la profundamente. Eu sei disso, sei porque ouço e faz sentido. Tudo por causa do jeito que você está nesta noite. Quem é você, afinal? Who are you, in fact? É você a minha mesma querida, aquela? E, ao mesmo tempo, esta que aqui se encontra agora? Eu sei que sim... e que não. Entendo, mas... na verdade, não explico. Ouço ainda Johnny Mathis na canção gostosa, “The Way You Look Tonight”. Sim, Mathis, aquele mesmo. Solto-me, relaxo e fico viajando. Who cares? Lembro-me dos bailes antigos quando essas canções estavam tão mais próximas e você, você já estava lá na verdade, desde aquele tempo. Depois de algumas vezes repetidas, a música desaparece como a fumaça de um cigarro, formando padrões todos irregulares no ar. E com ela desaparece sua imagem, sua sensação lúdica, mística. Fading away... Fico só na sala fria, ao som apenas do teclado de meu micro. É preciso descer, mas não perder a impulsão desses momentos mágicos. Não há porque explicar nada, só viver... |