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cronicas-->Pena de talião -- 03/09/2002 - 15:56 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Alguém gritou no fundo da cela. O carcereiro foi atender ao chamado e viu uma poça de sangue. Mais um motivo de preocupação no presídio começava naquela semana.
No final do dia recolheram os dois detentos mortos, assassinados por colegas de infortúnio que protestavam contra o sistema do único jeito que sabiam. Praticando violência contra um semelhante, no caso, dois infelizes que haviam caído nas malhas da lei furtando cigarros num boteco de periferia.
Os cigarros eram do tipo popular, mas o dono do boteco tinha um primo policial, achou com razão que a ocorrência tinha que ser apurada e os desgraçados foram enjaulados com outros tantos por 240 cigarros.
Nem fumavam. Roubaram os cigarros num boteco para trocar por uma garrafa de pinga noutro bar da localidade. Deram azar porque o dono do bar era primo do primeiro comerciante, e já estava por dentro da história de Jacó e Jeremias.
Filhos de crentes, nunca prestaram atenção nos ensinamentos religiosos, deixando o lar para aprender coisas tolas, e acabaram se tornando alcoólatras na juventude. Depois fizeram filhos de monte com mulheres sem juízo, e de vez em quando trabalhavam ou praticavam pequenos furtos para sustentar o vício.
As mulheres e filhos eram esquecidos diante de um copo de cachaça. Normalmente eram detidos e liberados em poucos minutos, em função do bafo e da falta de acomodações necessárias para todos os pequenos meliantes da cidade.
Mas deram o azar de assaltar o primo do Julião, o botequeiro, cuja filha também tinha um filho da dupla. Explica-se o fato: a jovem saía com os dois, que eram muito parecidos, e na hora da barriga não foi definido o parceiro correto. A filha do Julião bebia muito também.
Julião, cheio de mágoa, não podia deixar passar mais um desaforo. Chamou o Miguel, soldado brabo, e contou a façanha dos trouxas.
O cerco foi tão rápido que o Julião recuperou as carteiras de cigarro intactas.
Após alguns bofetões, para cumprir a praxe da prisão, os soldados entregaram os homens na delegacia. O delegado havia brigado com a mulher, prima dos marginais de araque, e resolveu jogar os dois no presídio.
Na cela, preparada para 18, estavam alojados 57. Mais dois era demais. Os infelizes acabaram entrando para as estatísticas de mortos em função da superlotação de celas e por problemas de ordem pessoal.
Só quem chorou de verdade foi o carcereiro, que era pai dos infelizes.
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