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cronicas-->A boca da Teresa -- 03/09/2002 - 16:05 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Mulher simples, pouco estudo, pouca carne, pouca beleza, mas tinha uma boca, que sobretudo fazia para todos os homens delírio, a cabocla Teresa.
Adolescente ainda foi pivó de brigas de homens e jovens. Muitas terminando em ponta de faca, tiros e morte. Mais de dez, mais de vinte segundo outros, mais de trinta segundo o padre, que tinha vontade de largar a batina quando via a cabocla entrar no recinto sagrado, para missa ou confissão.
Os pecados de Teresa eram todos perdoados, embora fossem muitos, e no fim da noite o padre enlouquecia na sacristia, pensando naqueles lábios, naquela mulher que o corrompia, deixando a carne tomar conta do emissário de Deus na Terra.
Maldita e bendita cabocla, que tanto fazia usar roupa ou não, tinha sempre os lábios grosso, carnudos, a enlouquecer o padre, também o pastor e o juiz da comarca. O juiz chegara mesmo a ordenar a prisão da jovem, sem acusação formal, apenas para poder interrogá-la, passando por cima do delegado, para poder apreciar a boca de Teresa, cujos vulcànicos lábios aterrorizavam as mulheres casadas, as noivas e as enamoradas do lugar.
Teresa deixava revoltado o pastor, que sentindo a tentação carnal mordia sua bíblia, após intenso controle na frente dos outros fiéis. O homem santo sabia que ia descer aos infernos por causa da cabocla, mas não se continha. Teresa seria seu suplício, sua perdição.
Beijar a moça não beijava, pois tinha medo de perder o respeito dos homens. Todos a queriam, mas queriam seus lábios. Sua boca era o que tinha de mais destacado. Carne do pecado, diziam todos.
Quando o juiz a deteve, padre e pastor se manifestaram em sua defesa. Vereadores e prefeito também. Houve crise de poderes na cidade. Ao final de horas de espera Teresa foi para casa, sozinha, mas para enlouquecer os homens, lançou um beijo no ar.
Foi o início do fim. Durante três dias os homens conseguiram controlar sua ansiedade. No quarto dia todos foram ter com a cabocla. Ao mesmo tempo.
A cidade foi destruída pelo tiroteio. O padre sobreviveu. O pastor matou o juiz. O juiz, dois vereadores. Vários vereadores, o delegado e todos quantos se armaram morreram. O padre levou um tiro no peito, mas era forte.
Teresa fugiu da cidade, com medo de responder pela balbúrdia. Fugiu, mas não foi esquecida. Ainda procuro aquela mulher; não, a boca, a boca de Teresa.
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