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Contos-->MARIA CHIFREIRA -- 28/11/2002 - 15:00 (Wellington Macêdo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Contam como fato verídico a história de Zé Licurgo e suas três filhas ocorrido lá para as bandas do sertão da Paraíba.
Zé Licurgo, homem pacato, trabalhador, proprietário de uma pequena gleba de terra incrustada numa região onde a inclemência da estiagem tem provocado considerável êxodo dos seus habitantes. Grande parte dos homens que alí residiam, quando "engrossavam o talo", no dizer dos mais antigos, deixavam casa, família, terra, etc. e migravam em direção ao sul do país, na crença de que alí estava situado o verdadeiro eldorado, ansiosos por dias melhores.
Mesmo diante das inúmeras dificuldades inerentes aos que alí permaneciam naquela terra inóspita em decorrência de prolongadas secas e castigada pela constante escassez de alimentos, Zé Licurgo alí permanecia labutando de sol a sol num pequeno sístio que vinha passando de geração à geração, no cultivo da terra e na criação de algumas poucas cabeças de gado. Casado com Minervina apenas nas leis da Igreja conforme costumava dizer; devoto fervoroso de São José; o casal conseguira, mesmo às duras penas, criar três filhas, frutos daquela união, numa rigidez imposta pelos padrões dos homens considerados de bem. À medida que as meninas foram crescendo, passavam a ajudar nos afazeres domésticos bem como na manutenção da roça e no cuidado dos animais. Tornaram-se, na realidade, moças prendadas. Quando já crescidas, moças feitas, eram bonitas e atraentes, passando a despertar a cobiça dos homens da região. Assim não demoraram a contrair matrimônio.
Passado algum tempo, um antigo vizinho e compadre de Zé Licurgo que imigrara para as bandas de São Paulo há mais de vinte anos, resolvera rever sua terra e também sua gente. Chegando à cidadezinha que o vira nascer e após a visita a alguns remanescentes ainda do seu tempo, resolveu fazer uma visita ao seu compadre, mesmo ciente das inúmeras dificuldades que encontraria até chegar por lá. Após várias horas escanchado no lombo de um burro e bastante estropiado, avista Zé Licurgo, sem camisa, sentado num tosco banco à sombra de um frondoso umbuzeiro. Grande e indescritível fora a alegria de ambos diante de tão inesperado encontro. Depois de efusivo apertop de mãos seguido de caloroso abraço, o amigo recém chegado é recebido também por sua comadre Minervina, a qual se mostrava como que incrédula diante do que estava presenciando.
Sentados à sombra do umbuzeiro, deram início a animada conversa, passando a relembrar os tempos idos quando de suas juventudes naquelas terras que mais pareciam o fim do mundo. Nesse entremeio, Zé do Agave como era então conhecido desde épocas remotas, pergunta pelas filhas do compadre, pois a última vez que as vira ainda eram bastante crianças.
O compadre, por sua vez, responde-lhe que a mais velha, Maria Adeodata, estava muito bem. Casara-se com um viúvo, dono de um barracão na usina e que, já sendo pai de seis filhos no primeiro casamento, tivera mais três com a menina. Era um homem bom, dedicado ao trabalho e, como resultado, era possuidor de alguns bens de riqueza. O único problema era a diferença de idade entre ambos, uma vez que o viúvo Raulino era vinte anos mais velho que Maria Adeodata. Mas, de qualquer modo, ela era feliz com o casamento.
Quanto a segunda, Maria Protásia, também havia casado e já era mão de cinco filhos. Pelo que tinha conhecimento, estava em boa situação. O marido, filho de um conhecido seu do tempo em que negociava na feira, era da Polícia Militar, já tendo sido promovido a cabo e, não fora o vício da bebida, seria melhor. Mas, apesar do problema, iam levando a vida mercê de Deus. No mais ela se sentia feliz.
Finalmente, Zé do Agave ávido por mais notícias do pessoal, pergunta pela filha mais nova, por sinal sua afilhada. Após alguma relutância Zé Licurgo responde-lhe que Maria Fortunata fora a única que não tivera sorte no casamento. Sendo a mais bonita das três, era do tipo de mulher que não podia ver homem na sua frente, pois quando avistava um, ficava toda caída. Depois de duas amigações havia casado com Batista, sacristão da Igreja e afilhado do Padre Abílio. Segundo algumas pessoas, o homem era um idiota até onde alguem poderia ser. De acordo com os comentários que chegavam ao seu conhecimento, essa menina era mais conhecida como Maria Chifreira, uma vez que apesar de casada tanto na Igreja quanto no Juiz, vivia de pagodeira com um e com outro. Batista cansado de ouvir pilhérias no que dizia respeito ao comportamento da menina, não suportando tanto humilhacão, um dia ao vê-la nos braços de um tal de Zé Morcego, quebrou-lhe no pau, deixando a pobrezinha num estado deplorável e, em seguida, expulsando-lhe de casa. Foi quando Maria Adeodata levou-a para a sua casa onde ela está se refazendo da sova que tomou.
----- Também ----- retruca-lhe o compadre----- a menina não poderia ter tido sorte diferente; pois achou de casar com um corno. O resultado não poderia ter sido outro.
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