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Contos-->JUCA VELÓRIO -- 28/11/2002 - 15:27 (Wellington Macêdo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Dificilmente encontramos alguém que não tenha mania. Excentricidade; esquisitice; hábito extravagante; seja lá como queiram, todos nós as temos.
Uns somente se sentam à mesa no mesmo lugar; outros iniciam a leitura do jornal pela página policial; outros pela página que contem anúncios fúnebre; ainda, há aqueles que somente saem pela porta que entraram; muitos são os que se benzem ao sair de casa e assim por diante.
Frente ao mais diversificado contexto de mania destaca-se, dentro outros, aquele em que determinados indivíduos sentem uma verdadeira compulsão em proferir discurso em velório. Buscam, através da sua loquacidade, enaltecer as qualidades pertinentes ao finado como esposo fiel, pai extremoso, amigo sincero, homem de caráter ilibado, dedicado ao trabalho, características muitas vezes inexistentes. Mas como nessas horas de dor todo elogio é válido à memória do falecido, os que o conheciam de perto passam a acreditar como se verdade fora.
Havia numa determinada cidadezinha do interior uma figura por demais conhecida, cuja mania; cuja excentricidade consistia em proferir discurso fúnebre de despedida, se aproveitando da doída paciência dos familiares e amigos enlutados. Quando por ocasião do falecimento de alguém da sociedade local, a família, de imediato, contratava um carro de som tendo por finalidade comunicar a um maior número possível de pessoas o passamento de um ente querido, diferentemente do que ocorre numa cidade de grande porte, cujo comunicado se dá através da imprensa. Desse modo, nas pequenas cidades que não possuem outro meio de comunicação, o carro de som percorre as principais ruas da cidade, destacando:
"A família tal cumpre o doloroso dever de comunicar o falecimento de Fulano, ocorrido esta madrugada, ao mesmo tempo em que convida seus parentes e amigos para o seu sepultamento hoje, as tantas horas, no cemitério local, saindo o féretro da rua tal, número tal, etc. Antecipadamente agradece a todos por esse ato de caridade cristã.
Uma vez, diante de fato dessa natureza, Juca Velório, figura sobejamente conhecida na referida cidadezinha, em razão da sua persistente manis de proferir discurso em velório, enfatiotava-se com um velho terno de casimira preta, um tanto surrado pelo uso e se dirigia à casa do falecido. A princípio, cumprimentava os amigos que se encontravam presentes e, após breves comentários típicos nessas ocasiões, ia se aproximando do finado, ao mesmo tempo em apresentava suas sinceras condolências aos parentes contristados.
Certa feita, se aproveitando do silêncio observado em determinada ocasião, Juca Velório, um tanto pigarroso, inicia seu costumaz panegírico enaltecendo as qualidades do seu amigo Crispim, falecido de forma surpreendente, levando-se em consideração o seu súbito desenlace. Assim, se valendo dos chavões utilizados em tais ocasiões e, se servindo de termos anacrônicos, faz um retrospecto da vida do amigo. Os familiares já bastante exaustos de uma noite insone e diante da hora prevista para a inumação do corpo do finado, se preparam para fechar o ataúde. Consoante isso acontecia, Juca Velório, no entusiasmo do seu pronunciamento, se debruça sobre o corpo inerte do amigo a fim de lhe dirigir suas derradeiras palavras. Nesse momento, sua dentadura cai-lhe da boca dentro do caixão, exatamento no momento em o mesmo estava sendo fechado, fato somente percebido por aqueles que se encontravam mais próximos, resultando-lhe como últimas palavras: " Vai com Deus amigo Crispim e leva contigo o meu último sorriso "
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