Sem paninhos quentes, sem chinelinhos acolchoados para deslizar no solo como se não estivesse passando, sem essa merda toda que se ergue face ao objectivo imediato, sem a capa da predação tácita que a cambada de 'a' a 'z' utiliza para comer um gajo, o qual, só tarde e a más horas, após ter entregue o melhor de si, dá por ela que foi comido.
Ora então, quando encontrarei eu o cabrão, ou a cabrona que, firme e lucidamente, não iluda e volte as costas à minha questão ?...
Alto lá, não encolha o nariz, não passe de imediato a argumentar que esta forma não tem jeito de ser acolhida por uma pessoa de bem. Quem é afinal a pessoa de bem? Quem é essa grandessíssima trampa que evoca a pureza para só fazer a merda que lhe inunda o íntimo? Donde veio essa tralha toda que leva um gajo a lavar as mãos após ter posto o pénis a mijar e logo de seguida vai beijar nos lábios uma gaja que acabou de fazer um broche?
Vá, compartilhe, pelo menos uma só vez, e esclareça esse pé atrás e à frente que você tem dentro da cabeça, essa teimosia de ir sempre por ali quando eu vou por aqui e, afinal, vamos os dois para o mesmo sítio. Vá, exprima-se, justifique porque é lícito tomar o consolo de uma lauta iguaria e, logo de seguida, todos me impedem que vá para a cama com a cozinheira, que é uma gaja boa e está fartinha de comer-me com os olhos? Que arabesca volta terei eu de dar para que a gaja, enfim, me coma a sério perdidamente? Porquê, porque só quando o galinheiro estiver em descanso eu poderei então galar à vontade, se tiver galinha?
Em resumo, mesmo a rir - se está - faça um esforço e comente porque será que alguns humanos se têm por divinos e consideram os outros montes de trampa ?!
Vê, neste pedacinho de mau texto, está expresso o imbróglio todo com que a humanidade se debate, o tal misterioso busílis do gajo que fez tudo sem ter feito absolutamente nada.
O novo Bento XVI é um amor de pessoa, pois então não é? Espécie de represa que obsta a que o rio siga seu curso e cumpra abertamente o inexorável ciclo da água.
Somos apenas água, amigos. Vá, riam: porventura saberão que a água também fode? Com a pedra, fode, fode e fura!...
- Tadeu, traz daí um filtro para eu beber um pouco de água pura...
- Eu entendo-te, Toninho. Espera um pouco, vou a correr comprar uma camisinha.
António Torre da Guia |