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Artigos-->PRONOMES LATINOS (ESTUDO COMPARATIVO) -- 28/02/2002 - 00:22 (Francisco Rodrigues Júnior) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
PRONOMES LATINOS (ESTUDO COMPARATIVO)





ESTUDO COMPARATIVO SOBRE PRONOMES A PARTIR DA GLL (GRAMÁTICA DA LÍNGUA LATINA) E DA GLP (GRAMÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA) , DESTINADO AOS ESTUDANTES DO CURSO DE LETRAS.

ESTA SÍNTESE FAZ PARTE DE UM ESTUDO ORIENTADO PELO PROFESSOR FRANCISCO RODRIGUES JÚNIOR (UNIMONTES / CAMPUS JANUÁRIA - MG), NA DISCIPLINA LÍNGUA LATINA I, AOS ESTUDANTES DO PRIMEIRO PERÍODO DO CURSO DE LETRAS PORTUGUÊS E LETRAS INGLÊS.



PRONOMES PESSOAIS



Eu < ego me < me; mim < mei; mihi; comigo < me

Tu < tu < = te; ti < tui; tibi; contigo < te

Ele < ? se < se; si < sui; sibi; consigo < se

Nós < nos nos < = nos; conosco < nobis

Vós < vos vos <= vos, convosco < vobis

Eles < ? se < se; si < sui; sibi; consigo < se



É de se perceber que no quadro acima houve uma regressão dos pronomes pessoais da GLP para a GLL. Enquanto na GLL o quadro dos pronomes pessoais (retos / átonos / oblíquos) estão postos em ordem vertical, na GLP, eles são apresentados em ordem horizontal.



Sob o ponto de vista da semiótica, podemos tecer os seguintes comentários:



I. PRONOMES PESSOAIS



1.1 Eu <= Ego



Houve uma mudança radical, sendo hoje o Ego substantivo, cujo significado está inserido na Psicologia.



“Ego: (do lat. Ego). S. m. 1. O eu de qualquer indivíduo. (Opõe-se ao álter.) 2. V. egotismo (1): Seu ego torna-o cada dia mais insuportável. 3. Psican. A parte mais superficial do id, a qual, modificada, por influência direta do mundo exterior, por meio dos sentidos, e, em conseqüência , tornada consciente, tem por funções a comprovação da realidade e a aceitação, mediante seleção e controle, de parte dos desejos e exigências precedentes dos impulsos que emanam do id.” (FERREIRA: 621)



Essa mudança ocorreu também nos pronomes “mei” e “mihi” que evoluíram para o pronome “mim” da GLP, e o pronome “me” da GLL do caso acusativo permaneceu “me”; porquanto, na GLP, o caso ablativo “me” evoluiu para o pronome comigo na Gramática da Língua Portuguesa.



2ª PESSOA SINGULAR



Tu > tu

Tu > de ti

Tibi > para ti

Te > te

Tu > ó, tu

Te > contigo



Assim como na Língua Portuguesa, o pronome pessoal da 2ª pessoa “tu” não sofre variações quanto ao gênero (masculino e feminino). O pronome “tu” é declinável, isto é, apresenta-se por casos (nominativo, genitivo, dativo, acusativo, vocativo e ablativo), o que é próprio da Morfossintaxe da Gramática Latina. Sabemos portanto, que este pronome pertence à 2ª pessoa.



Assim como nos outros pronomes pessoais, ele é classificado na GLP como pronome reto e a sua função é subjetiva tendo os pronomes oblíquos função objetiva.



O “te”, “ti”, “contigo” sendo na G.L.L. o “te” um ablativo e acusativo, porquanto o “te” e o “contigo” ganha um novo aspecto morfológico da GLP.



1.3 PRONOME 3º PESSOA DO SINGULAR

Se > se

Sui ; Sibi > si (mesmos)

Se .> comigo

Em latim não existe o pronome de terceira pessoa como em português (Ele). Há um outro pronome que faz esse papel, o anafórico, o qual não pode ser considerado, ainda que similar, ao nosso pronome de 3ª pessoa.

No entanto eles podem receber a partícula MET, que lhes reforça o sentido: egomet (eu mesmo), semet (ele mesmo).

A forma ela/ela é a redução de ille/illa/illud. Porém no Latim Clássico, estes têm os sentidos específicos dos demonstrativos: aquele, aquela. A palavra aquela é formada de acu + ille. Sendo ACV apenas uma partícula de reforço do pronome demonstrativo. Portanto é preciso que tenha cuidado para não confundir o demonstrativo Ille do Latim como pessoal Ele do português.

As partículas is/ea/id é que tem em Latim o valor do pronome ele do português.

is = ele

ea = ela

id = isso, isto.



Ille (nom.) > ele ; illa ( nom.) > ela. No Português antigo e na língua além mar, aparece a forma suprimida illi (dat.) > eli > li (arc.) lhe, lhi. Na linguagem popular de Portugal, ainda se pronuncia “li”. Em regra, o L muda sempre que é seguido de semivogal e vogal (cf. filiu > filho ). A palatalização, que a princípio só se deve em tal circunstância, generalizou-se depois. No Português arcaico aparece o “lhe” empregado invariavelmente. Esta invariabilidade ainda permanece na língua atual quando o “lhe” é seguido de “o” e “a”. Assim, “lho,lha” tanto podem representar lhe + o ; lhe + a, como lhes + o ; lhes + a.

Ille (acus.) > ele > lo (arc) > o

Illa (acus.) > ela > la ( arc) > a.

A queda do “e” explica-se pelo caráter proclítico desta palavra, em função de artigo, já que a origem é a mesma; a do “L” se verificou em razão de se ter tornado intervocálico: louva-lo > louva-o. O pronome arcaico “lo” ainda se conserva nas formas verbais terminadas em –r, s, z: amarlo > amallo > amá-lo ; dizerlo > dizello > dizê-lo ; fêz-lo > fello > fê-lo.

Se (acus.) > se

Sibi ( dat.) > si por analogia com “mi”. A forma átona arcaica deu-se, o que justifica o seu emprego, em português, como objeto indireto. “Sego”( arc.) e sigo foram ambas as formas empregadas no português arcaico a partir do pronome “seciur”( abl.) da GLL. Na língua moderna usa-se consigo, que admite as mesmas explicações dadas para comigo e contigo.



1.4- PRONOME “NOS”, 1ª PESSOA DO PLURAL.



A esquematização da variação do pronome pessoal “nos” está na evolução do latim para o português. Primeiro a forma pessoal “nos” sistematiza o pronome “nós”, que serve de objeto direto e indireto, designando a 1ª pessoa do plural. Nesta evolução da GLP o pronome vem de uma maneira aberta, pois desenvolveu-se da forma fechada da língua latina. As formas latinas “nostrum/nostri” e “nobis” passaram por um processo de caracterização rumo ao pronome possessivo “nosso” que exprime algo pertencente ou que diz respeito, dentro desse âmbito a forma latina “nobis” evolui para o pronome pessoal “conosco”.



1.5 – PRONOME “VÓS”, 2ª PESSOA DO PLURAL.



A esquematização da variação do pronome “vos” também consta da evolução do latim para o português como vemos a seguir:



N Vos > vós

G Vestrum/vestri > de vossa, de vós

D Vobis > para vós, a vós

A Vos >= vos

V Vós > ó, vós

Abl. Vobis > convosco.



Principais correspondências entre casos, funções sintáticas e idéias (observe o quadro acima)



O pronome “vos” no nominativo funciona como sujeito ou predicativo do sujeito. Contudo, o pronome em discussão que no latim é “vos” (nominativo) é traduzido para o português como “vós”.



Vestrum/vestri no Latim se encaixa no genitivo que tem por especificar num sentido amplo através de um substantivo. No português corresponderá a um conjunto constituído por uma preposição de + substantivo. Todavia, no português se representa sob a forma de vossa, de vòs para estabelecer idéia de posse.



Vobis - parte do caso dativo que designa o destinatário, o endereçado, o interessado sendo este, beneficiário ou prejudicado. Resumindo, indica condição de objeto indireto tanto no latim quanto no português, tornando-se vos; a vós.



“Vos” – no caso acusativo serve como objeto direto e em idéias de: lugar para/até onde, tempo durante o qual. Sujeito de oração infinitiva. Permanece no português “vos” com mesma utilização.



“Vos” – no vocativo é semelhante ao nominativo quanto à escrita mas exerce função diferente como a de um chamamento, servindo de termo independente da frase que se segue. Na GLP = ó, vós.



“Vosbis” – no caso ablativo, desempenha o papel de complemento adverbial.. Ex.: Lugar onde, de onde, assunto, origem, companhia, meio, causa, instrumento. No quadro mostrado, “vobis” evolui no português para “convosco”, complemento de companhia.



PRONOME 3º PESSOA DO PLURAL



Illos (acus.) > elos > los > os.

Illas (acus.) > elas > las > as.



“Eles”e “elas” formaram-se dentro da língua por analogia; não vêm do nominativo plural latino “eis”, plural popular, saiu da forma arcaica “el”. “Lhes (dat.) foi formado por analogia dentro do idioma.

S&
468;u > seu. Em nossos documentos do antigo português, encontra-se “sou”, ainda hoje usado no Norte de Portugal, e que se explica etimologicamente pelo latim clássico “suu”

S&
468;a > sua. O “&
468;”, apesar de breve, não se modificou em “o” por se achar em hiato. Na língua arcaica, houve a forma átona proclítica “as”,que deve ascender do latim vulgar.







PRONOME POSSESSIVO



Os pronomes possessivos em Português referem-se as três pessoas gramaticais (1a, 2a e 3a) indicando o que cabe a elas (posse), ao passo que os pronomes possessivos em latim ocorrem de acordo com as suas declinações (nominativo, genitivo, dativo, acusativo, vocativo e ablativo) que se apresentam tanto no singular como no plural. Em latim, os pronomes possessivos apresentam-se nos gêneros masculino, feminino e neutro, ao passo que, na língua portuguesa apenas indicam as formas masculinas e femininas.

Português

Singular: masculino/feminino

Pessoa Singular Singular

1a meu / minha nosso / nossa

2a teu / tua vosso / vossa

3a seu / sua seu / sua



Plural: masculino/feminino

Pessoa Plural Plural

1a meus / minhas nossos / nossas

2a teus / tuas vossos / vossas

3a seus / suas seus / suas



Latim

Singular e plural: :masculino/feminino/neutro

Singular Plural

Masc. Fem. Neutro Masc. Fem. Neutro

N. meus mea meum mei meae Meã

G. Mei meae mei meorum mearum meorum

D. Meo meae meo meis meis Méis

A. meum mean meum meos meas Mea

V. Mi mea meum mei meae Mea

Abl. Meo mean meo meis meis Méis



Nota-se que o pronome possessivo “meus” está em latim no caso nominativo, masculino singular. Ao passá-lo para a língua portuguesa, há uma queda do fonema “s”, forma o pronome “meu” mas em português os pronomes são classificados de acordo com a 1a, 2a e 3a pessoa do singular e plural. Dessa forma, o pronome “meus”, apesar de sofrer flexão de plural, ele é classificado na 1a pessoa do singular juntamente com sua forma no singular “meu” e as formas femininas, a que sofreu flexão de plural e a que não sofreu. O pronome genitivo “mei” passa para o português com a troca de fonema “i” pelo “u”. A forma do pronome possessivo feminino “meã”, perde o ditongo oral e acrescenta-lhe um dígrafo formando-se minha, em Português. O pronome possessivo masculino/neutro “meo” ao passar para o português trocou o fonema o pelo u, já o “meum” perdeu o fonema m ou seja, sofreu uma redução de sua forma no português.



PRONOMES DEMONSTRATIVOS



Pronomes demonstrativos no latim não há nenhuma semelhança com o português. Os pronomes hic, haec, hoc (= esse) deram origem ao pronome “este”. Esses pronomes no português assemelham-se a palavras onomatopéias (emitem sons, extraídos de alguma coisa). O pronome isto, em português, foi conservado do latim, ou seja, conservou a sua forma original.

Na G.L.P. os pronomes demonstrativos classificam-se em 1a, 2a e 3a pessoa do singular / plural, enquanto no latim, eles são estudados metodologicamente através dos casos (nominativo, genitivo, dativo, acusativo, vocativo e ablativo). O pronome ille, illa, illud (aquele / ele) sofre a mesma declinação do pronome iste (isso) e se substitui o – st por – ll. Ele tem uma único gênero, que é o neutro, no português “aquilo”, enquanto no latim há variação dos três gêneros (masculino/feminino/neutro), havendo uma semelhança com a forma do pronome masculino, grafado da G.L.P., “ele”.

VARIÁVEIS INVARIÁVEIS

Masculino Feminino

Este estesEsse essesAquele aqueles Esta estasEssa essasAquela aquelas IstoIssoAquilo



1. hic, haec, hoc ( = este)

Singular Plural

Masc. Fem. Neutro Masc. Fem. Neutro

N.G.D.A.V.Abl. Hichuiushuichune -hoc Haechuiushuichanc -hac hochuiushuichoc -hoc hihorumhishos -his haeharumhishas -his haechorumishaec -his



2. iste, ista, istud (= esse)

Singular Plural

Masc. Fem. Neutro Masc. Fem. Neutro

N.G.D.A.V.Abl. Isteistiusistiistum -isto istaistiusistiistam -ista istudistiusistiistud -isto istiistorumistisistos -istis istaeistarumistisistas -istis istaistorumistisista -istis



3. ille, illa, illud ( = aquele / ele)



Singular Plural

Masc. Fem. Neutro Masc. Fem. Neutro

N.G.D.A.V.Abl. Illeilliusilliillum -illo Illailliusilliillam -illa illudilliusilliillud -illo illiillorumillisillos -illis illaeillarumillisillas -illis illaillorumillisilla -illis



PRONOME DEMONSTRATIVO ANAFÓRICO – is, ea, id (ele / este / o)

O pronome anafórico serve para evitar repetições e reforçar uma idéia que já foi dita anteriormente. Esses pronomes possuem função sintática de sujeito e objeto na frase.

Ex: Maria viu a praia. Ela desejou-a

Maria -> nominativo / conserva-se o nome próprio na G.L.L

Ela -> nominativo (= Maria) sentido anafórico, na G.L.L usa-se ea (= ela)

Assim ocorre também na G.L.L com o objeto (praia = a) que seria um acusativo (objeto direto).

Singular Plural

Masc. Fem. Neutro Masc. Fem. Neutro

N.G.D.A.V.Abl. Iseiuseieum -eo eaeiuseieam -ea ideiuseiid -eo ii / eieorumiis / eiseos -iis / eis eaeearumiis/eiseas -iis / eis Eaearumiis / eisea -iis / eis



PRONOME DEMONSTRATIVO – Idem, eadem, idem (mesmo)



Os pronomes (ea, is, id) quando junta-se a terminação “dem” provoca alterações transformando num outro pronome (idem, eadem, idem) que tem o significado de “mesmo” no latim. Na G.L.P. pronome “idem” mudou quanto à grafia para o “mesmo”, mas é utilizado com a mesma forma nos trabalhos científicos.



PRONOME DEMONSTRATIVO REFORÇATIVO – ipse, ipsa, ipsum ( o próprio / o mesmo)



Este pronome não tem nenhuma semelhança na sua forma com os pronomes “o próprio” / “o mesmo”, mal possui a mesma função de reforçar um termo.



Singular Plural

Masc. Fem. Neutro Masc. Fem. Neutro

N.G.D.A.V.Abl. ipseipsiusipsiipsum -ipso ipsaipsiusipsiipsam -ipsa Ipsumipsiusipsiipsum -ipso ipsi ipsorumipsisipsos -ipsis ipsaeipsarumipsisipsas -ipsis ipsaipsorumipsis ipsa -ipsis



É de se notar que o pronome “ei”, na G.L.P., refere-se a uma interjeição que exprime saudação.

Pronomes Relativos



Sabemos que os pronomes relativos são palavras que representam nomes já referidos, com os quais estão relacionados. Os pronomes relativos são estudados conforme os casos (na G.L.L.).

Na G.L.L. existia o neutro, enquanto que na G.L.P. não existe.

Os pronomes relativos oriundos dos casos genitivos (cuis > do qual), dativo (cui > para qual, ao) e ablativo (que > com o qual, por qual) foram convertidos pela G.L.P. através das preposições: do, para, com e por. Desta forma, o falante da língua portuguesa, ao empregar os pronomes relativos referentes a estes casos, deve se conhecer (ou estudar o emprego dos mesmos consoantes à G.L.P.). O caso acusativo quem, qual se classifica na G.L.L. como pronome interrogativo.

Os pronomes relativos latinos cauuis > do qual e cui > para o qual (nos casos genitivos e dativo) são hoje, na G.L.P., substituídos pelos pronomes relativos cujo/cuja, cujos e cujas, porque temos notícias que desde o Renascimento, o francês Petros Ramos converteu o “i” em “j”, observe:

CUIUS > cujo/cujos

CUIUS > do qual/cujo

Nota: nos casos genitivo e dativo latinos, tanto no masculino, quanto feminino singular conservam-se as mesmas formas.

Ex:

Masc. Fem.

Geni. Cuius cuius

Dat. Cui cui

Quanto ao número, os casos genitivo e dativo passam para o latim para “quorum” e “quibus” (masc.) e “quorum” e “quibus” (fem.), diferenciando-se totalmente do singular, masculino e plural.

Na G.L.L. o pronome relativo se faz em três gêneros: masculino, feminino e neutro, portanto na G.L.P. não se registra o gênero neutro. É de se lembrar que os gêneros adotados por uma língua (idioma) dependem da cultura de seus falantes.

Observações:

O antecedente do pronome relativo que pode ser nome de coisa ou de pessoa, ou o demonstrativo, ou outro pronome.

Ex:

* Há coisas que aprendemos tarde.

* “Bendito o que, na terra, o fogo fez, e o teto.” (Olavo Bilac).

O relativo que às vezes equivale ao que, coisa que, e se refere a uma oração.

Ex:

Não chegou a ser padre, mas não deixou de ser poeta, que era a sua vocação.

Nota: o pronome relativo pode funcionar como complemento do verbo. Nesse caso, é preciso que o pronome obedeça à regência do verbo do qual é complemento. A preposição ocorre ou não antes do pronome relativo, em função do verbo qual é complemento.

Observe o que segue:



Estas são as pessoas



Ø que aprecio

De que gosto

A que me refiro

Em que creio

De que discordo



Artifícios para analisar o pronome relativo:



- Substitui-se o pronome pelo seu antecedente.

- A análise que couber ao termo substituído caberá ao pronome relativo.

Ex:

Repreendeu os amigos. Os amigos falharam.

&
8595; que

anteced. &
8595;

pron.relativo



Assim: Repreendeu os amigos que falharam, substitui o que pelo seu antecedente

teremos:

Os amigos falharam

&
8595; &
8595;

suj. pred.



Daí se conclui que, na frase em questão, o pronome relativo que:

- está substituindo o termo amigos;

- com a função de sujeito de falharam.

Função sintática do pronome relativo:

Os pronomes relativos exercem a mesma função sintática os nomes que são representados por eles, observe:

O menino sonha com um mundo maravilhoso que ele tirou do nada.

O pronome relativo que está representando a expressão mundo maravilhoso. Substituindo o pronome relativo que por está expressão, teríamos: ... ele tirou o mundo maravilhoso do nada.

&
8595;

obj. direto.

Logo, o pronome relativo que exerce a função de objeto direto. Veja outras funções exercidas pelos relativos:

a) Sujeito

b) Objeto indireto

c) Adjunto adverbial

d) Agente da passiva

e) Predicativo do sujeito

f) Adjunto adnominal

g) Complemento nominal



Pronome Interrogativo

Os pronomes interrogativos na G.L.P são formados a partir dos pronomes indefinidos que, quem, qual e quanto, quando com eles formulamos uma pergunta.

Observe os exemplos:

Quem estava aqui já se foi.

Quem estava aqui?

Percebe-se que houve duas ocorrências quanto ao uso da palavra “quem”. A primeira como pronome indefinido, por quanto a segunda, um pronome interrogativo. É de se notar que o simples sinal de pontuação (interrogativo) é capaz de mudar a palavra que, quem, qual e quanto dentro do contexto morfológico e sintático. É licito afirmar que uma interrogação pode ser feita direta ou indiretamente. Na G.L.L o pronome interrogativo é uma variante morfológica do pronome relativo qui, qual, quoal, que são apresentados em três gêneros: masculino, feminino e neutro, seguindo suas respectivas normas morfossintáticas explícitas em seus casos: nominativos, genitivos, dativos, acusativos e ablativos.

Observação:

O interrogativo que ? vale por “que coisa”? quando funciona como pronome substantivo; e por “qual”, ou “que espécie de”, como pronome adjetivo.

O interrogativo qual?, quais? usa-se como pronome adjetivo, mas nem sempre vem ao lado do substantivo. Nas interrogações feitas com o verbo ser, costuma-se empregar o verbo depois de qual:

Nota: no caso nomitativo latino, no feminino, tanto no singular quanto plural conservam- se a mesma forma.

Ex:

Nomitativo

Sing. Fem. Plur. Fem.

Qual Qual



Os advérbios interrogativos iniciam orações independentes (interrogativos diretas), e também introduzem orações, subordinadas interrogativas indiretas. Ex: porque (de causa).

O advérbio interrogativo porque na G.L.P encontra-se paralelo ao Latim (quo) e funciona como adjunto adverbial da oração interrogativa designando a causa ignorada, isto é, precisamente o que o falante da língua portuguesa nos deseja saber ao formular a pergunta.

Ex: Por que fugiste de casa?

Sujeito: tu (indicado pela desinência verbal)

Verbo: fugiste (interrogativo)

Adj. adv. de lugar (de casa)

Adj. adv. de causa (por que)

Na resposta a essa pergunta, se quisermos declarar a causa, tê-lo-emos de fazer por meio de uma oração subordinada, citada pela conjunção “porque”; já na G.L.L. essa distinção de funções se destaca pelo fato dos pronomes interrogativos possuir escritas distintas; porém exercendo a mesma função, com o mesmo significado, ou seja, os pronomes interrogativos são invariáveis tanto em gênero como em número.

Observação: o pronome interrogativo (quis, quae, quid) é invariável, quanto ao gênero (masc./fem./neutro) e número (sing./plural) na G.L.L.

Enfim, percebe-se claramente, uma estreita semelhança de forma entre o pronome interrogativo e o pronome relativo; no caso ablativo, por exemplo; do gênero masculino, usa-se o pronome “quo” em ambos, embora com significados e funções diferentes.



PRONOME INTERROGATIVO



Este pronome é uma variante morfológica do pronome relativo: qui – qual – quod para quis – qual –quid que são respectivamente masculino, feminino e neutro. Esta variante morfológica do pronome interrogativo são, em português, assim conhecidos: que, quem, qual e quanto; quando participantes de orações interrogativas.

Exemplos: Quem disse? / Quanto queres?



Quis à é o principal interrogativo latino, cuja declinação é quase idêntica à do relativo qui, quae, quod. Observe o quadro abaixo.



Pronome Interrogativo

Singular Plural

Masc. Fem. Neutro Masc. Fem. Neutro

N.G.D.A.V.Abl. QuisCuiusCuiQuem__quo QuaeCuiusCuiQuan__qua QuidCuiusCuiQuid__quo QuiQuorumQuibusQuos__quibus QuaeQuarumQuibusQuas__quibus QuaeQuorumQuibusQuae__quibus



Pronome Relativo

Singular Plural

Masc. Fem. Neutro Masc. Fem. Neutro

N.G.D.A.V.Abl. QuiCuiusCuiQuem__quo QuaeCuiusCuiQuam__qua QuodCuiusCuiQuod__quo QuiQuorumQuibusQuos__quibus QuaeQuarumQuibusQuas__quibus QuaeQuorumQuibusQuae__quibus



Pode-se observar que o pronome interrogativo variava de acordo com os casos: NOMINATIVO, GENITIVO, DATIVO, ACUSATIVO E ABLATIVO.



Apresentação dos compostos, suas declinações e comparação com a G. L. P.



COMPOSTOS DE QUIS

1. quisnam, quaenam, quidnam/ quodnam (= quem?/ qual?)

2. quispiam, quaepiam, quidpiam/ quodpiam (= algum)

3. quisquam, quaequam, quidquam/ quodquam (= algum)

4. quisque, quaeque, quidque/ quodque (= qualquer, cada um)

Obs.: Nestes compostos declina-se apenas quis, permanecendo p acréscimo invariável.



5. quisquis,... quidquid (= todo aquele que)

Obs.: Nestes compostos declinam-se as duas partes do composto.



6. aliquis, aliqua, aliquid/ aliquod (= algum)

7. ecquis, ecqua/ ecquae, ecquid/ ecquod (= por acaso alguém?)

8. nequis, nequa, nequid/ nequod (= para que nenhum)

9. siquis, siqua, siquid/ siquod (= se algum)

Obs.: Nestes compostos declina-se apenas quis, permanecendo o acréscimo invariável.



10. unusquisque, unaquaeque, unumquidque/ unumquodque (= cada um)

Obs.: Declinam-se: unus e quis, ficando invariável o acréscimo que.



Em relação aos pronomes interrogativos,

Observe as várias comparações das evoluções do latim para a G.L. P.



Quis? n. s. masc. à Quem ?

Qui ? n. p. masc.à Que ?

Quid ? n/ ac. Sing. N. à Que há ? ou

Quod Pron. rel. à Que rio à subs. Neutro.

Qua re abl. Sing. Fem. à Por que ?

Qui abl. Sing. (arcaica) à Como? De que modo?



Para reforçar a interrogação qualquer uma destas formas pode vir aumentada da partícula nam (pois, portanto).



Ex: Quisnam ? (Quem pois ?)

Quidnam ? (que pois ?)

Cujusnam est culpa? (de quem é a culpa) ?



Que dificuldade existe ?

Que de dificuldade existe ?



_ O latim emprega muito esta segunda forma, dizendo:



Quid difficultatis est ?

Qua difficultas est ?



Que novidade há ?

Que há de novo ?



Quid novi est ?

Quod novum est ?



Este emprego de genitivo é muito freqüente com os pronomes indefinidos.

Uter à É outro interrogativo que se emprega quando se fala de dois indivíduos e equivale a qual dos dois ?



Outros interrogativos



Qualis evolui para qual ?

Quantus evolui para que tamanho ?

Quotus evolui para quanto ?

Quot evolui para quantos

A língua portuguesa apesar de apresentar grandes diferenças e evoluções em relação a língua latina, muitas palavras ainda preservaram a grafia. Para que essas transformações e evoluções ocorressem, vários fatores contribuíram, como:

A cultura, o caráter geográfico, a literatura (...) e as várias manifestações ocorridas onde a língua latina se estabeleceu.

Os pronomes interrogativos da gramática latina, comparados aos pronomes interrogativos da gramática portuguesa passaram por uma evolução que em alguns pronomes são impossíveis identificá-los como oriundos da língua latina, pois, dos mesmos restaram-nos poucos vestígios.



REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:



FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.



COUTINHO, Ismael de Lima. Gramática Histórica. 6. ed. Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica, 1969.



REZENDE, Antônio Martinez de. Latina Essentia - preparação ao latim. 3. ed. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1990.



GARCIA, Janete Melasso. Introdução à teoria e prática do latim. 2. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2000.



FARIA, Ernesto. Gramática da Língua Latina. 2. ed. Brasília: FAE, 1995.



LIMA, Rocha. Gramática normativa da língua portuguesa. 15. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973.



CÂMARA JUNIOR, Joaquim Mattoso. Dicionário de filologia e gramática. 5. ed. Rio de Janeiro: J. Ozon {s.d}.



CEGALLA, Domingos P. Novíssima gramática da língua portuguesa. 13. ed. São Paulo: Ed. Nacional, 1974.







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