Carta de uma mãe a seus filhos.
Ana Zélia.
Perdão pelas palavras doces que não disse,
pelos gestos que não esbocei, fui fria e cruel sempre.
Perdão pela dureza no tratamento crítico que sempre tive.
Quem sabe o medo de perdê-los para o mundo, para as drogas...
Mãe é isto, elas precisam vencer pelos filhos que serão feitores eternos de seus gestos, atitudes.
Perdão, quem sabe o último, por não conseguir esboçar, fingir, um carinho sequer,
o mundo me foi cruel, me ensinaram a trabalhar, a estudar, a me posicionar
em lugar de destaque, entre os três primeiros lugares.
Sou guerreira porque me ensinaram a usar o arco e a flecha, a enfrentar os inimigos,
a não temer os grandes, muito menos os poderosos.
Perdão por não ter ensinado isto a vocês, uma omissão imperdoável.
Acreditei que nas escolas vocês tivessem estes ensinamentos, na leitura, nas tarefas,
nas provas, nos discursos.
Mero engano, a escola de há muito perdeu sua rota, lecionar deixou de ser vocação,
as distorções entre as profissões levaram a isto, esqueceram que o magistério é a mais nobre missão na terra.
Vejo professores com medo de adentrar a escola, são ameaçados por alunos em sala de aula, são agredidos,
violentados dentro das instituições de ensino. Meu Deus!
No dia das Mães, o maior presente será o perdão pelo que não fiz, pelas palavras que não disse,
lembrem-se apenas que Deus existe e que acredito Nele, como acredito em vocês.
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Manaus, 12 de maio de 2012.
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