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Artigos-->A mão que acalenta é a mesma que apedreja -- 14/05/2012 - 11:44 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


“A mão que acalenta é a mesma que apedreja!”



José Geraldo Pimentel



É com esta expressão que enxergo as Forças Armadas. Sinto que as FFAA têm um apreço grande pela nação, e nenhum tipo de atenção é dado aos seus integrantes, em particular aos de menores graduações. Em princípio há duas classes dentro de uma mesma instituição. Os oficiais que são bem tratados, e os graduados, nem tanto. É como se as FFAA independessem da presença dos sargentos e subtenentes.

“BRAÇO FORTE, MÃO AMIGA!”, apenas um chavão. A instituição militar preocupada em demonstrar lisura, termina prejudicando a classe. Quando o ex presidente da república Fernando Henrique Cardoso iniciou uma campanha de ‘moralização’ administrativa, os militares foram os primeiros a ‘mostrar serviço’, cortando uma série de vantagens que ajudavam no equilíbrio orçamentário da tropa. O Executivo e demais poderes fizeram vistas grossas, inclusive o próprio presidente que se aposentadoria do ensino acadêmico com menos de cinqüenta anos de idade, condição que reprovara para os professores universitários. Ficamos nós no prejuízo.

O tempo de serviço saltou de vinte e cinco anos para trinta anos logo no início dos governos militares. Ninguém reclamou; e, se o fez, foi pelos ‘cotovelos’! Um aspirante a oficial saído da academia, tão logo passa a segundo tenente, já começa a carreira militar com um soldo superior ao de um subtenente com quase trinta anos de serviço, no fim da jornada. O interstício de um sargento passou a ser de oito anos. Um oficial vai ascendendo a carreira com intervalos curtos, sendo transferido de unidade e sede, o que lhe garante um reforço no orçamento com ajudas de custo, mudança, transporte do carro, passagens de avião para ele, a esposa, a empregada e os bichos de estimação! Ao chegar em seu destino encontra um próprio nacional pronto para ocupar. O graduado mofa na sede onde serve, e se é transferido vai ter que pagar aluguel de casa particular no seu destino, como aconteceu comigo nos deslocamentos do Rio de Janeiro para Mato Grosso do Sul, para o Paraná, e, em seguida, para o Rio Grande do Sul. Ao regressar ao Rio de Janeiro não foi diferente. A minha primeira morada no MS foi em uma casa alugada de um carroceiro, sem forro, com inúmeras goteiras que não livravam nem a cama de casal.

Minha jornada na caserna foi tão confortável que só vim gozar umas férias, alugando uma casa na praia, nos dois últimos anos do serviço militar. Para conseguir sobreviver com o soldo que ganhava, tive que fazer bico fora do expediente. Saia do quartel e engrenava outra jornada de trabalho que se estendia até, muitas vezes, à meia noite; de segunda à segunda, sem descansos aos domingos e feriados.

Quando entrei no QAO (quadro auxiliar de oficiais) comecei a viver uma vida que seria mais adequada a um garoto recém incluso na carreira militar. Marchas longas à pé, serviço de Oficial de Dia duas vezes na semana, e atribuições impróprias para quem já não tinha tanta disposição física dada a idade avançada. Mas isso não conta na cabeça de quantos dirigem as FFAA.

Sempre pensei que não ultrapassaria os sessenta e cinco  anos de idade. O mal trato com o corpo, envelhece a alma. Estou com setenta e quatro anos. Um militar oriundo de uma academia, chega aos oitenta e noventa anos facilmente.

Poucos anos depois de entrar na reserva, estando no Aeroporto do Galeão, vi se aproximar um coronel com o qual servira no IME. Estava bem disposto, parecendo mais jovem. Escondi-me atrás de uma pilastra para não cruzar com ele. Não me sentia tão em forma como o ex companheiro de caserna.

Considero-me um sobrevivente da carreira militar! Um sobrevivente sem direitos pelo simples fato de ter vencido a barreira dos setenta anos de idade. Nessa idade já não me é mais permitido fazer um empréstimo consignado; assim determina o Exército. A assistência médica (FUSEX) só garante a minha cobertura e a de minha esposa, ou de um filho incapacitado para o trabalho. Se necessitar levar ao HCE um outro dependente, não poderei fazer. O FUSEX, embora custando mais do que muitos planos de saúde, não dá cobertura! Pecúlios militares, muitos são eivados de armações, como a ex CAPEMI (atual CAPEMISA), que me vendeu uma espécie de pensão a ser paga após dez anos de contribuição; quando fui receber o benefício, o valor não cobriria as passagens de ida e volta ao centro da cidade. Para não perder os anos de contribuição, transformei-a em pecúlio. Atualmente desconto R$ 453,80 com esse pecúlio. O GBOEX é outro pecúlio que está arrancando o couro dos militares, Com ele desconto R$ 958,02. Uma auditoria do Exército em cima dessas instituições provavelmente reduziria essas cobranças escorchantes que não condizem com os benefícios irrisórios que pagam (após a morte do contratante!). Uma ASSISTÊNCIA JURÍDICA / JC, que conta com o aval do Exército, não atende à maioria das necessidades, é só mais um item no desconto em folha.

São essas pequenas grandes coisas  que o Exército deveria se preocupar; e, não reunir o Alto Comando para discutir o uso ou não do guarda chuva pelo militar, e respectiva cor.

Às vezes penso comigo. Poderia haver mais reconhecimento com os graduados. Não é com chibatada que se consegue manobrar uma parcela dos que servem às FFAA. A compreensão deve ser mútua.

Esse tratamento nada obsequioso está mudando de mãos. Quem está sofrendo na pele o descaso,  agora são as nossas autoridades militares.

Os nossos chefes militares bem mandados, se moldaram aos novos tempos. Tratados como cachorros, agem como se os fossem!

Se um dia houver maior reconhecimento para com a parte motora da instituição, - os graduados, - a instituição será muito melhor. E as recordações acalentarão mais os nossos corações!



José Geraldo Pimentel

Cap Ref EB



Rio de Janeiro, 05 de maio de 2012.



http://www.jgpimentel.com.br

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