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Artigos-->A estratégia da França -- 16/05/2012 - 16:31 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


222222">ffff00">A ESTRATÉGIA DA FRANÇA



 



222222">:: 222222">George Friedman – Tradução de FRANCISCO VIANNA



 



222222">Segunda feira, 15 de maio de 2012


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000000">Novos líderes políticos não inventam novas estratégias nacionais. Em vez disso, eles adaptam estratégias nacionais que perduraram de acordo com o momento vivido pelo país. Na terça feira de amanhã, Francois Hollande tomará posse como Presidente da República da França, e, logo a seguir ter feito o juramento, ele visitará a chanceler alemã Angela Merkel em Berlim. Por ora, as conversações são esperadas transcorrer em torno da austeridade administrativa claudicante União Europeia, mas o assunto destacado permanece o de sempre: o esforço da França em assumir um papel dominante nos ‘assuntos europeus’ numa ocasião de ascendência alemã.


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000000">Dois eventos moldaram a moderna estratégia francesa. O primeiro, de certo, foi a derrota de Napoleão Bonaparte em 1815 e a emergência da Grã Bretanha como a potencia naval dominante do mundo e principal potencia imperial e colonialista. Isto não eliminou o poder naval imperial francês, mas o conteve profundamente. A França não pode mais arcar com a luta contra o desafio britânico e teve que achar um meio de criar uma base de acomodação, pondo fim a diversos séculos de hostilidade e até de desconfiança no Mar do Norte e, de lá, para todo o mundo.


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000000">O Segundo evento veio em 1871 quando os prussianos derrotaram a França e presidiram a unificação das cidades-estados germânicas sob a liderança de Otto von Bismarck000000"> que culminou com a formação do Segundo Reich (império). Após tal derrota, a França teve que aceitar não apenas a perda de território para a Alemanha, mas também a presença de uma substancial e unida potência na sua fronteira leste. Daí em diante, o problema maior da estratégia da França passou a ser a existência de uma Alemanha unificada.


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000000">A França tinha substanciais capacidades militares, talvez se equivalendo ou até superando às da Alemanha. Entretanto, a estratégia da França em lidar com a Alemanha foi construída na estruture de alianças contra a Alemanha. Primeiro, ela se aliou à Inglaterra, menos por suas capacidades territoriais do que pelo fato de que a marinha inglesa podia bloquear a Alemanha e, portanto, detê-la em fazer a guerra. Segundo, por ter se aliado à Rússia, tudo o que precisava, em tamanho, para ameaçar a Alemanha com uma possível guerra de duas frentes de fronteira. Assim, entre esses dois relacionamentos, com a Inglaterra e a Rússia, a França sentiu que podia lidar com seu problema estratégico continental.


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000000">Bem, isto não estava, como um todo, correto. A combinação de forças para enfrentar a Alemanha convenceu Berlim de que teria que atacar primeiro, eliminando um inimigo de modo que não enfrentasse uma guerra de duas frentes fronteiriças. Tanto na 1ª como na 2ª Guerra Mundial, a Alemanha tentou primeiro eliminar a França. Na Primeira Guerra Mundial isto esteve perto de ocorrer, com a França tendo se salvado apenas na Segunda Batalha do Marne. Os alemães surpreenderam os franceses – e talvez até a si próprios – ao resistirem a russos, franceses e ingleses numa guerra de duas frentes. Com o enfraquecimento da Rússia, a Alemanha passou a ter novas unidades disponíveis a serem empregadas contra os franceses. A intervenção dos EUA alterou o equilíbrio da Guerra e eventualmente salvou a França.


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000000">Na Segunda Guerra Mundial, a mesma configuração de forças estava armada e as mesmas decisões foram tomadas. Dessa vez não houve milagres como o do Marne, e a França foi fragorosamente derrotada, após a queda da frágil Linha Maginot, e ocupada pela Alemanha praticamente sem resistência regular. Mas, novamente, foi salva pela coalizão anglo-americana que invadiu e libertou a França, efetivamente com o auxílio das forças soviéticas, trazendo ao poder o homem que, num dos raros exemplos na história, realmente definiu a estratégia francesa.


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000000">O general Charles de Gaulle reconheceu que a França era incapaz de competir com os EUA e a União Soviética no palco global bipolarizado. Ao mesmo tempo, ele quis que a França retivesse sua capacidade de agir de modo independente das duas maiores potências mundiais, caso fosse necessário. Parte da motivação para isso foi o nacionalismo e parte foi a desconfiança dos americanos. O fundamento da política americana e europeia de defesa do pós-guerra foi a contenção da União Soviética. A estratégia tinha como predicado a presunção de que, no evento de uma invasão soviética, as forças europeias apoiadas pelos americanos segurariam os soviéticos enquanto os EUA apressassem envio de reforços para a Europa. Como última instância, os EUA garantiam que usariam seu arsenal nuclear contra os soviéticos e essa simples garantia acabou sendo eficaz em deter os russos em seus domínios.


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000000">De Gaulle não estava convencido da veracidade das garantias americanas, em parte porque ele simplesmente não as enxergava como racionais. Os EUA tinham interesse na Europa, mas não era um interesse de importância existencial. De Gaulle não acreditava que um presidente americano arriscaria um contra-ataque nuclear de seu país para salvar a Alemanha ou a França. Poderia arriscar um ataque por corças convencionais, mas isso poderia não ser o suficiente. De Gaulle acreditava que caso a Europa Ocidental simplesmente confiasse na hegemonia estadunidense e dispensasse uma força europeia independente, a Europa acabaria caindo perante os soviéticos. Ele considerava as garantias americanas um blefe.


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000000">Tal não se devia a sua possível posição pró-soviética; muito pelo contrário, uma de suas prioridades ao assumir o poder em 1945 era a de bloquear o avanço dos comunistas no leste europeu. A França tinha na época um poderoso e bem organizado Partido Comunista cujos membros desempenharam um importante papel na resistência contra os nazistas, embora já houvesse na França uma consciência de que comunistas e nazistas eram socialista de tendências muito semelhantes. De Gaulle pensava, pois, que um governo comunista na França significaria o fim de uma Europa composta de nacionalidades independentes. A Alemanha Ocidental, situada entre uma França comunista suprida de armas soviéticas e tendo o exército vermelho no leste, ficaria isolada e abandonada à própria sorte, e os soviéticos passariam a impor sua hegemonia.


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000000">Para de Gaulle, a hegemonia soviética ou Americana era o anátema dos interesses nacionais da França. Uma Europa sob a hegemonia americana poderia ser menos ruim ou mais benigna, mas igualmente arriscado porque de Gaulle temia que os americanos não fossem confiáveis ao virem em ajuda à Europa com força suficiente numa guerra com a Rússia. O interesse americano era o de manter um equilíbrio de poder que desse estabilidade à Europa, como ocorreu na Inglaterra, a ponto de permitir a sua recuperação. Como os britânicos nas guerras napoleônicas, os americanos não se comprometeriam completamente na luta até que os europeus tivessem primeiro secado suas feridas soviéticas. D ponto de vista de Charles de Gaulle, isto foi o que os americanos tinham feito na Primeira Guerra Mundial e, de novo, na Segunda, invadindo a França apenas em meados de 1944 para dar cabo de uma Alemanha nazista já enfraquecida pelos insucessos de suas frentes simultâneas da Inglaterra, da África, e do leste europeu. De Gaulle não culpava os EUA por isso. De Gaulle, acima de todos os demais, compreendia os próprios interesses nacionais de seu país e dos EUA.


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000000">Mas ele não acreditava que esses interesses eram os mesmos ou sequer parecidos, até ver os primeiros resultados do Plano Marshall que devolveu ao sue pais o status de primeiro mundo que havia perdido com a guerra. Não só à França, mas à Alemanha, à Itália e até ao Japão, inimigos diretos no conflito global. A propósito, ingleses e franceses não conseguiam entender, como nações historicamente colonialistas, como os EUA se empenhavam tanto em reerguer a Europa sem exigir em troca extensões territoriais que pudessem vir a colonizar... Isso não cabia na cabeça deles.


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000000">Não obstante, o general compreendia que a França por si não poderia conter os soviéticos. Também sabia que nem os alemães ocidentais nem os britânicos seriam facilmente persuadidos em criar uma aliança com a França concebida para unificar a Europa numa estrutura aliada capaz de se defender sem ajuda ‘externa’. Falou-se, na França, pela primeira vez na criação de uma espécie de “Estados Unidos da Europa”...


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000000">De Gaulle estabeleceu a próxima melhor estratégia, que era a de desenvolver suas capacidades militares independentes o suficiente para deterem um ataque soviético em larga escala ao território francês sem apelar para a ajuda americana. A chave era uma força nuclear independente capaz de, nas palavras do general de Gaulle, "anular e despedaçar o inimigo”, caso os soviéticos russos atacassem. Desconfiado dos americanos, ele esperava que o arsenal nuclear francês pudesse deter os soviéticos além do Rio Reno caso invadissem a Alemanha Ocidental.


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000000">Mas, a essência do pensamento do General de Gaulle era uma ideia mais profunda. Sitiado entre americanos e soviéticos, com uma Europa fragmentada pelo pós-guerra, meio dominada por soviéticos e meio dominada pela parte americana da OTAN, ele via o destino da França como estando nas mãos de duas superpotências, nas quais ele não confiava. Nem ele, particularmente, confiava nos demais europeus, mas já havia se convencido de que à França não restaria outra opção senão a de construir numa terceira força na Europa que pudesse limitar o poder tanto de americanos como de soviéticos.


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000000">O conceito de uma ‘Europa alternativa’ não estava enraizado apenas na análise estratégica do Gel de Gaulle. Estabelecer laços profundos atraves de uma aliança de segurança (possivelmente a OTAN) e algum tipo de união econômica regional era algo visto na Europa em geral e na França em particular como um modo atraente de por fim à competição violenta que tinha começado em 1871.


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000000">De Gaulle apoiava a integração econômica bem como uma capacidade de defesa independente e própria da Europa. Mas ele sempre se opôs a qualquer ideia que custasse à França qualquer elemento, por menor que fosse ele, de sua soberania. Tratados a serem assinados por nações soberanas foram definidos, redefinidos e se necessário postos de lado. Confederação ou federação significavam a transferência de soberania e a perda da capacidade de tomada de decisão em nível nacional, a incapacidade de sair de um grupo e a incapacidade do todo expulsar uma parte.


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000000">De Gaulle se opunha à estrutura da OTAN porque ela efetivamente limitava a soberania da França. A Comissão Militar da OTAN estava efetivamente no comando das forças militares das nações que a constituem, e em tempos de guerra, o comandante supremo da OTAN na Europa – sempre um americano – assumiria automaticamente o comando. De Gaulle não fazia objeções aos princípios da OTAN em geral, e a França permanecia como um de seus membros, mas parecia não aceitar que tropas francesas fossem automaticamente submetidas a um plano de guerra ou se dispusessem a obedecer automaticamente a um comando onde poderia não constar nenhum francês. Tal decisão teria que ser tomada pela França quando o momento chegasse. Nunca aconteceu.


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000000">Neste sentido, de Gaulle diferia das ideias extremadas dos integracionistas europeus, que viam uma espécie de ‘Estados Unidos da Europa’ eventualmente em formação. Como os britânicos, em quem ele acreditava que sempre buscariam seus interesses colonialistas semelhantes ao da própria França, independentemente de qualquer tratado, ele se mostrava aberto a uma aliança de estados europeus soberanos, mas não à criação de um novo estado, federação ou confederação, no qual a França seria apenas uma província.


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000000">De Gaulle entendia a fraqueza daquilo que viria a ser a União Europeia, que consiste na prevalência de seus membros em não abrir mão de seus interesses nacionais. Não importa o quanto as nações estejam inseridas num sistema mais amplo, desde que os líderes nacionais respondam por seus próprios povos, a integração nunca irá funcionar em tempo de crise e, mal e mal fora dele, e se somará à crise ao torná-la desconexa do que originalmente a causou – e cada país não se considera responsável por qualquer crise – tendo ainda que dividir sua soberania para solvê-la.


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000000">Todavia, de Gaulle queria também que a França exercesse um papel dominante nos assuntos europeus, e ele sabia que isso poderia ser feito apenas numa aliança com os alemães. Ele estava confiante – talvez erroneamente – de que devido às consequências psicológicas da Segunda Guerra Mundial, a França seria o parceiro veterano neste relacionamento.


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000000">Os descendentes do gaullismo aceitam seu argumento de que a França tem que buscar seus próprios interesses, mas não a sua obsessão com a soberania. Ou, mais precisamente, criaram uma estratégia que parecia fluir da lógica do General de Gaulle. Como dizia o general, a França sozinha não poderia esperar se equiparar às superpotências globais. A França precisava se aliar a outros países europeus e, acima de tudo, à Alemanha. O fundamento de tal aliança tinha de ser econômico e militar, mas nunca político. Todavia, com o colapso da União Soviética, a urgência da ameaça militar se dissolveu. Os presidentes da França desde o fim da Guerra Fria, Jacques Chirac e Nicolas Sarkozy, acreditavam que a visão gaullista poderia se concretizar apenas através de laços econômicos.


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000000">É dentro deste contexto que Hollande está indo à Alemanha. Muito embora Nicolas Sarkozy tenha se comprometido como aliado da Alemanha, Hollande não estará necessariamente predisposto a aceitar as soluções alemãs para os problemas europeus. Isso poderá ser algo alarmante e inesperado nas reações franco-germânicas pós-guerra fria, mas é algo que em grande extensão de Gaulle aceitaria fazer.


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000000">As necessidades econômicas da França são diferentes das da Alemanha. Acordos de harmonização onde não existe harmonia são perigosos e inexequíveis. Um forte "não" às vezes é preciso que se diga. A ironia é que Hollande é um ‘socialista’, cujo inimigo ideológico é o gaullismo. Mas, como dissemos antes, a maioria dos presidentes não criam novas estratégias, mas meramente dão uma ajeitada na forma das estratégias nacionais existentes no momento. Estamos pagando para ver se Hollande vai agora começar, muito lentamente, a fazer o jogo gaullista.



 

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