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Contos-->VISITA DE PÊSAMES -- 03/12/2002 - 14:12 (Wellington Macêdo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Coisa antipática é visita de pêsames. Quantas vezes nos livramos do velório ou da missa de sétimo dia de alguém recém falecido com aquelas mesmas mentiras sociais. Ao nos depararmos com a infausta notícia de falecimento ou convite para a missa em sufrágio da alma de alguém de nossas relações de amizade, logo no dia seguinte ligamos para a família enlutada externando as nossas condolênciasa e, ao mesmo tempo, desculpas pela ausência. Lamentamos profundamente pelo fato de somente tomarmos conhecimento após as suas realizações. Deslavada mentira.
Algumas pessoas têm por hábito procurar nos jornais a seção destinada aos avisos fúnebres. E lá estão elas. Fulano, Beltrano, cumprem o doloroso dever de comunicar aos seus parentes e amigos o falecimento do seu esposo, pai, etc., e convidam para o seu sepultamento, etc, etc, Do mesmo modo convidam para a missa no dia tal, às tantas horas, na igreja tal, etc, Desde já agradecem a todos que comparecerem a esse ato de caridade cristã. Nada de novo; sempre o mesmo jargão.
Certa feita, uma pessoa conhecida nossa, ao se deparar com a notícia de falecimento de alguém de suas relações de amizade e com a maior cara de espanto, transmite à mulher:
----- Matilde, sabes quem morreu ?
-----Vai Francinaldo, diz logo de uma vez ----- responde-lhe a mulher.
----- Hermenegildo, coitado ----- diz-lhe o marido.
Após alguns minutos de silêncio como que não acreditando no que acabara de ler no jornal e lamentando o fato, assevera:
-----Tem nada não. Logo depois da missa de sétimo dia faremos uma visita à Creuza e suas filhas. Hoje é sábado e por coisa nenhuma nesse mundo deixarei de comparecer à "pelada" seguida do bate-papo com a turma, tudo regado a uma cervejinha bem gelada. Já tenho a desculpa na ponta da língua. E assim foi feito.
No dia e hora aprazados, Francinaldo juntamente com Matilde chegam à casa de Creuza sendo recebidos com uma certa indiferença pela viúva. Uma vez acomodados numa confortável poltrona, Francinaldo faz uso da palavra, começando por lamentar profundamente o infausto acontecimento, seguido de comentários elogiosos à memória do finado, seu habitual companheiro de farras.
----- Foi realmente uma perda irreparável ----- assevera Francinaldo. Excelente esposo e chefe de família; homem dedicado à mulher e as filhas, sem falar no trabalho, não poupando esforços para proporcionar o melhor aos seus familiares, e assim por diante. À medida que discorria sobre as inexistentes qualidades do então falecido, percebe um ar sarcástico estampado no rosto de Creuza em razão de tamanhas inverdades com relação ao finado.
Percebendo a profunda indiferença da viúva diante de tão falso panagírico, Francinaldo levanta-se e, simulando sentido pesar, inicia as suas despedidas não esquecendo de oferecer os seus préstimos à família enlutada, se porventura surgisse alguma necessidade.
Nesse momento, Creuza pede licença as visitas, ao mesmo tempo em que solicita alguns minutos de espera, uma vez que gostaria que o casal lhe concedesse uma carona. Decorridos alguns minutos e, diante da impaciência da qual Francinaldo fora acometido, eis que surge a viúva dentro de uma mini-saia e uma blusa com ousadíssimo decote a mostrar-lhe os fartos seios que era possuidora, sem falar nas exuberantes curvas do seu corpo.
Uma vez no interior do automóvel, Creuza diz ao casal que gostaria de ficar numa casa de forró situada nas proximidades de sua residência. Assim, chegados ao referido local e, enquanto se preparava para sair do mesmo, Creuza se dirige ao casal e, na maior cara de pau, diz:
----- Que Hermenegildo trema nas profundezas do inferno; vou aproveitar os dias que ainda me restam fazendo tudo que não tive oportunidade de fazer quando na companhia daquela alma sebosa.
E assim, num requebrado de deixar água na boca dos que por alí transitavam ingressa na referida casa de forró.
Pasmada com o que acabara de assistir e ouvir, Matilde, até então calada, balbucia:
----- Te cuida Francinaldo; está cada vez mais próxima a hora em que seguirei o exemplo de Creuza, fazendo-lhe companhia.
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