Uma reflexão
Habito em mim por muito pouco tempo:
na maior parte do tempo,
sou um visitante em mim mesmo.
Pois sempre estou à procura de algo fora de mim.
À procura de outro inerente a mim.
Sou dividido na essência e na simetria corporal,
sou parte do bem e parte do mal,
parte da luz e parte de lúcifer,
parte de algo que eu não posso compreender.
As brumas do incógnito nebulam meu olhar,
quando fito minha sombra refletida nas águas,
reflito sobre o espelho de minha redenção, ao contemplar,
a agonia do outro que eu vejo naquele mar.
Salgado como a gota que cai
sobre a imagem que se esvai,
diluída por uma onda de soluços
e prantos calados,
embaçada por incontáveis suspiros
e amores passados.
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