O casal de namorados se viu sozinho em casa. Os velhos haviam saído para jantar. Ele olhou de um jeito malandro para ela: vamos fazer uma brincadeirinha? Topo - falou a moça - mas só se for "papai e mamãe".
Começaram de modo ameno, como são as preliminares. Ele se colocou à vontade, tirou os sapatos, colocou o chinelo do velho:
- Querida, onde está o meu jornal?
- Usei pra embrulhar o cocó do cachorro, querido. Pensei que você já havia lido.
- Poxa, nunca consigo ler direito o jornal. Agora como vou saber como ficaram os jogos do fim-de-semana?
- Para você só é importante saber como ficaram os seus jogos. E eu que me vire com os problemas da casa, não é? O Júnior precisa de tênis novos há mais de dois meses. E você nada!
- Vive-se precisando de alguma coisa nesta casa. Estão pensando que arranjo dinheiro em árvores? Cada coisa de uma vez.
- Mas pra suas revistas e pro seu futebol sempre tem dinheiro. Quando é pra esposa e para os filhos, aí então fica chorando...
- Quando casou comigo, você sabia que ia ser dureza. Sou um simples funcionário público. Por que não se casou então com aquele seu pretendente que hoje é empresário?
- Pois é! Bem que a mamãe sempre dizia...
- Eu sei! Eu sei o que a jararaca dizia. Ela nunca foi com minha cara. Queria um genro nobre, um aristocrata...hahaha!
O negócio chegara no auge. Ela retrucou, ameaçadora:
- Não fale assim da minha mãe!
- E você, não precisa ficar histérica! E não fale tão alto.
- Falo sim. Oh, sim, sim!
- Não. Não e não!
- Oh yes, oh yes!
- Não...yes...não...yes, oh yeeesss...
Stop. Acabou a brincadeira. Vendo-a ofegante da discussão, ele perguntou amorosamente: foi bom pra você?