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Sábado Triste.
Não tinha sido o sábado modelo que se espera, e ficou bem
mais longe disso quando avistei na avenida diversas pessoas
impacientes, correndo para lá e cá, parecendo assustadas. Não
era para menos, junto a guia dois corpos se contorciam recém
saídos de um maldito acidente. O barulho da viatura dos
bombeiros cortando a noite com seus holofotes vermelhos-
fatídicos davam uma gravidade bem maior ao quadro. Homens
apressados para acomodar os feridos, gemidos, gritos,
sussurros, um monte de detalhes dramatizavam o cenário.
Certamente naquele noite não havia um filho esperando a
chegada de um pai. Nem de um pai esperando aflito pela vinda
do filho. Não aqueles que estavam sendo acolhidos pelo carro-
socorro, partindo pelo meio da noite, com a sirene tão triste
quanto ao da chegada. Não havia como não lembrar do poema que
eu havia acabado de escrever, que “a vida povoa e a morte, ao
contrário, desocupa a estrada para outro passar...” Sábado,
30 de Março de 2002, 10h da noite.
Morte Matuta
Lá no término da estrada tem uma ponte
De madeira rústica, empenada e pensa
Por onde passa um rio e há uma fonte
De águas claras e de uma paz imensa
Bem cedo e de noitinha passa um homem
Chapéu de palha, num burro lento
Cigarro na boca, com roupas de ontem
Olhar perdido no meio do firmamento
Que diferença lhe faz, se vai rir ou chorar
Não foi feito para seguir rotas, nem horários
Mas para viver a vida e melhor se à toa
Não sabe que é só um retrato da vida, que povoa
Diferente da morte, que muito ao contrário
Desocupa a estrada, pra outro passar
Marco Antônio de Paula Franco
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