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Ensaios-->Diário de um pseudônimo (042) (2005/01/11) -- 03/03/2006 - 04:03 (Penfield Espinosa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Diário de um pseudônimo (042) (2005/01/11)

Penfield Espinosa



11/01/05

O caráter coletivista da cultura brasileira: já li sobre uma velhinha ter sido espancada até à morte por delinquentes juvenis em meio a uma multidão americana, individualista e pouco solidária.

E cá em S. Paulo, terra do paulistano fechado, da multidão solitária (como diria Nelson Rodrigues), vi dois exemplos de solidariedade instantânea da coletividade.

Há muito tempo, quando ainda não tinha carro, costumava pegar um ônibus noturno, cheio de figuras cansadas. Certa vez, um engraxate, habituê do mesmo horário, estava muito falante. Havia conseguido ganhar muito dinheiro e estava orgulhoso com o que iria contribuir para o orçamento doméstico. Na longa viagem, um bêbado sentou-se em seu instrumento de trabalho, acaixa de engraxate. O menino reclamou, mas o bêbado se recusou a sair. O menino fez um gesto, tentativa impotente de agredir o bêbado. Ao que este, um adulto muito maior que ele, fez menção de responder com um tapa.

Não pôde. A multidão do ônibus, até então sonolenta, levantou-se coletivamente e agarrou o bêbado, pronta para linchá-lo. Apenas a ação rápida de motorista e cobrador impediram. O bêbado foi deixado no meio do caminho, em algum canto deserto.

Recentemente, no início da tarde, na Augusta, uma louca de rua jogou alguma coisa -- um líquido sujo -- em um adolescente tardio, em camiseta e short, que era acompanhado por esposa ou namorada.

O adolescente ficou muito bravo. Saiu correndo atrás da louca e deu um chute nela -- mais para assutar do que outra coisa. E voltou a ficar com a acompanhante. A louca de rua, inesperadamente vingativa, veio atrás dele e de novo jogou o líquido sujo no rapaz. Se ele já era colérico, desta vez ficou apoplético e correu atrás dela em uma galeria. Estava em meu carro e não vi o que houve. Apenas que também instantaneamente uma multidão atravessou a rua e entrou na mesma galeria. Logo em seguida, a louca de rua saiu, com um olhar entre o travesso, o surpreso e o amedrontado.

Não vi o que a multidão fez com o rapaz para libertar a louca de seu domínio. Talvez tenham chegado às vias de fato. Talvez apenas uma discussão.

O caráter coletivista da cultura brasileira.


S. Paulo, 11 de janeiro de 2005

(Copyright © 2005-2009 Penfield da Costa Espinosa)
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