Sou inflamável ao toque
uma mistura de ar, combustível e água,
basta dar a ignição...
Tenho energia e bateria de reserva.
Funciono em quatro tempos,
quiçá quatro estações...
Admissão, compressão, expansão e escapamento...
Ah! não sou assim tão metódico.
Sou a lenha que queima lentamente!...
Sou a brasa vermelha,
mas de pau seco
pronto para virar carvão.
Depois sigo para a tua fornalha...
Malvada carne que cheira e queima e...
e escorre sobre mim tua gordura,
teus líquidos e tua pele...
Banha-me e abastece-me
com o combustível natural:
teu corpo e teu suor...
Enquanto queimo-te,
lembro-me dos teus olhos luz...
lembro-me do cio e cia...
Lembro-te imagem Lúcia,
que jamais verás,
porque em versos queimo-te.
Queimando-me...