Meus amigos me permitam
Uma história eu contar
À modinha nordestina
Leiam, pois e reflitam
Algo a se atentar
Nessa vida repentina
Essa história aconteceu
Há algum tempo atrás
Em nosso Planalto Central
E tal combate rendeu
É o que dizem as lendas
Ira em nossa capital
De um lado o Leão do Norte
Vindo dos lados de Belém
Lá de cima, no Pará
Tem fama de ser mais forte
E não temer a ninguém
E a tudo conquistar
Do outro, o Anhangüera
Senhor de toda a Bahia
Era um ser quase divino
De Salvador até Feira
Tudo era ele quem decidia
Da vida do velho à do menino
Então já mui poderosos
Queriam era ter mais
Além de suas fronteiras
E partiram desejosos
Pra fora de suas capitais
Viagens eram as primeiras
E chegados à Brasília
Eles então se conheceram
Com empatia de repente
Qual se tem uma família
Foram eles quem elegeram
O nosso bi-presidente
Estranho que o presidente
Que ajudaram a eleger
Foi o que quiseram cassar
Como um dissidente
Querendo cassar e prender
E quem sabe até matar
E lá iam os dois aliados
Em tudo concordando
E em seus estados senhores
Assim foram deputados
E com os estados votando
Se tornaram senadores
Mas amigos, o poder
É algo difícil de parar
Pois ele nunca é demais
Pode amigos desfazer
E inimigos aliar
Querendo mais e mais
E os titãs do Planalto
Uma vez se conflitaram
E sendo tão poderosos
E ocupando lugar alto
Eles se desafiaram
Um do outro odiosos
Amigos, não sou vidente
Nem sou Deus, nem quero ser
Mas sei que não é preciso
Ser muito onisciente
Que para encrenca ali haver
Não é preciso muito aviso
E os dois se insultaram
Em rodas, depois em jornais,
Nas revistas e na televisão
Tudo um do outro falaram
Com injúrias irracionais
Só pra fazer opinião
E o Leão do Norte, irado,
Resolveu dar o golpe fatal
Ao tirar o Anhangüera
Da cabeça do Senado
Para ser ele, Leão, o tal
Sendo ele a grande fera
E tanto fez o Leão
Que acabou conseguindo
O Anhangüera ele derrotou
Vencendo-o na eleição
E como líder assumindo
Desse jeito ele falou
- Agora que sou liderança
O mais forte da Capital
Eu prometo trabalhar
E fazer muita mudança
Vou livrar o País do mal
Ajudando o popular
- E como medida primeira
Vou começar por aqui
Acabar com as maldades
Metendo o “seu” Anhangüera
A pior alma que já vi
Quieto atrás das grades
E o Congresso vira arena
Xingos e insultos se escutam
Chutes e socos são dados
Coitada da mãe serena
Daqueles que ali se insultavam
Seu nome foi maculado
O Anhangüera possesso
Desafia o Leão do Norte
Inimigo a duelar
Pois se dar nome foi começo
O final do impasse é a morte
Que um deles vai buscar
E na Praça dos Poderes
Sob o sol do meio dia
Os rivais se preparam
No primeiro dos deveres
Que no duelo havia
E eles combinaram
No tiro os dois erraram
Na espada os dois perderam
E no poder igual espaço
Ambos titãs ocupavam
Daí eles resolveram
As diferenças no braço
Era hora do entardecer
O povo cansado ia embora
E os dois ali se batiam
Até o outro não bater
Mas com tanta demora
As forças se exauriam
Foi quando, mais cansado,
O Leão do Norte recuou
E o Anhangüera baiano
Bradou com o peito irado
- Sua hora já chegou
Ó, maldito cão profano
Mas quando ia matar
Algo estranho ocorreu
Ao bravo Anhangüera
Um raio forte do ar
Ao baiano abateu
E acabou com a besta-fera
O raio divino e forte
Que matou o baiano
Perdoou o outro titã
E salvou o Leão do Norte
Que feroz e insano
Disse com grande arfã
- Deus fez santa justiça
E escolheu o melhor
O mais justo e o mais forte
Puniu a sua cobiça
E fez da Capital senhor
O bravo Leão do Norte
Mas após isso dizer
Com altos tom e porte
Deus fez provar que não
E por seu nome maldizer
Matou o Leão do Norte
Com um simples tapa de mão