A civilização finalmente progrediu de verdade. O mundo tornou-se um lugar maravilhoso para se viver. Não existe fome nem pobreza. As riquezas são desfrutadas de forma igualitária. Trabalha-se o suficiente para o sustento, sem exploração. O povo é solidário, todos se amam e se respeitam. Não há motivos para se fazer guerras. Nossos filhos são bem educados, crescendo inteligentes e sadios. A distribuição populacional é homogênea. O trânsito é calmo e fluente, sem acidentes. A poluição foi controlada. Nossa convivência com a natureza é totalmente harmoniosa. Moramos com conforto e segurança, sem preocupações.
Enfim, habitamos um mundo no qual o único defeito é ser perfeito demais. Parece um sonho. Um sonho sempre almejado por gerações passadas, e que agora conseguimos transformar em realidade. Um sonho do qual jamais despertaremos, pois aprendemos com os erros cometidos no passado. Descobrimos toda a nossa capacidade e real grandeza, dominando de forma pacífica e sábia.
Mas nada disso teria sido possível se a raça humana não tivesse sido extinta, graças a sua insana auto-destruição, e nós, as formigas, não nos tornássemos os animais soberanos do planeta. Agora não somos mais pisadas enquanto procuramos comida e finalmente podemos viver sossegadas no que sobrou daquilo que os humanos chamavam de casas. Eles acreditavam que pelo seu tamanho poderiam reinar absolutos sobre nós, mas assim como os dinossauros, se esqueceram de que quanto maior o tamanho, maior a queda. Já as formigas são pequenas, leves e fortes. Podemos cair de qualquer altura que continuaremos em frente.
Sim, senhor, agora a história é diferente. Chegou a nossa vez. Só através de nossa união e organização o mundo pôde voltar a ser um paraíso. E assim permanecerá para todo o sempre... Espere! O que é aquilo entre as folhagens? É... é um tamandu...