Diário de um pseudônimo (064)(2005/04/16)
Penfield Espinosa
16/04/2005
Tudo que é sólido se desmancha no ar, disseram Marx e Engels do Manifesto Comunista. Tudo que é prático é mais difícil do que o teórico, diria eu.
Lembro de uma monja zen que, no livro Uma pessoa bonita, contou que, depois de fazer o bem, de ajudar a algumas pessoas, foi hostilizada por outras a quem não ajudou.
Qualquer ato bem intencionado gera muitos problemas -- talvez até mais do que um ato mal intencionado.
-- Penfield, Penfield, por que todo esse amargor ?, vai me dizer meu guru.
Sei, sei, eu me lembro da parábola sobre as sementes plantadas na areia, entre ervas daninhas e na boa terra. É preciso, enfim, persistir.
Mas que toda ação boa gera dúvidas, ah, isso gera. Mexe muito mais com nossos escrúpulos do que uma mesquinha.
O mundo todo nos treina para sermos mais egoístas. Fazer o bem vai contra uma parte da consciência que, se não é ética, é prática.
Não é tanto o diabinho que nos gera dúvidas, mas nossa amiga, a consciência do mundo.
São Paulo, 16 de abril de 2005
(Copyright © 2005-2009 Penfield da Costa Espinosa)
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